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Menor planeta vagando sem uma estrela é descoberto

E não é que mais um planeta foi descoberto? Liderada por astrônomos poloneses, uma equipe internacional de cientistas anunciou o encontro do menor planeta flutuante (como tamanho próximo ao da Terra) localizado até hoje.

Ele foi encontrado na Via Láctea e trata-se de um planeta errante, ou seja, desvinculado gravitacionalmente de qualquer estrela. Um artigo sobre o tema foi publicado na revista científica “Astrophysical Journal Letters” na última quinta-feira (29).

Batizado de OGLE-2016-BLG-1928, o orbe foi identificado por pesquisadores da equipe OGLE, do Observatório Astronômico da Universidade de Varsóvia, Polônia. Observações adicionais coletadas pela Rede de Telescópios de Microlentes da Coreia (KMTNet) também foram necessárias para a identificação.

Planetas que não se encontram no Sistema Solar raramente podem ser observados diretamente. Normalmente, os astrônomos os encontram utilizando observações da luz da estrela hospedeira. Quando um deles  cruza na frente de sua estrela-mãe, bloqueia o brilho observado, o que ocorre de forma periódica.

Planeta OGLE-2016-BLG-1928. Foto: divulgação
Planeta OGLE-2016-BLG-1928. Foto: divulgação

Como os planetas errantes praticamente não emitem radiação e não orbitam nenhuma estrela, eles não podem ser descobertos usando métodos tradicionais de detecção astrofísica. Mas podem ser localizados com o uso de um fenômeno astronômico chamado microlente gravitacional.

A microlente é um resultado da teoria da relatividade de Einstein. Um objeto massivo, a lente, pode dobrar a luz de um objeto de fundo brilhante, a fonte. A gravidade da lente atua como uma enorme lente de aumento que dobra e amplia a luz de estrelas distantes.

“Se um objeto massivo (uma estrela ou planeta) passa entre um observador baseado na Terra e uma estrela-fonte distante, sua gravidade pode desviar e focar a luz da fonte. O observador medirá um breve brilho da estrela-fonte”, explica Przemek Mroz, pesquisador de pós-doutorado no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e principal autor do estudo.

Utilizando esse método, os astrônomos do OGLE forneceram a primeira evidência de uma grande população de planetas errantes na Via Láctea há alguns anos. Mas o planeta recém-detectado é o menor já encontrado.

“Nossa descoberta demonstra que planetas flutuantes de baixa massa podem ser detectados e caracterizados usando telescópios terrestres”, afirmou Andrzej Udalski, líder do projeto OGLE.

Os astrônomos suspeitam que os planetas errantes na verdade se formaram em discos protoplanetários ao redor das estrelas, como planetas “comuns”, e foram ejetados de seus sistemas planetários originais após interações gravitacionais com outros corpos, como, por exemplo, outros planetas do mesmo sistema.

As teorias da formação de planetas preveem que os planetas errantes devem ser tipicamente menores que a Terra. Dessa forma, estudar esses planetas permite compreender melhor o passado de sistemas planetários jovens, como o nosso Sistema Solar.