Campanha é lançada para prevenir tráfico de pessoas durante os Jogos
A proximidade dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 aumentou a preocupação de um grupo de entidades da sociedade civil com tráfico de pessoas. Para prevenir esse tipo de crime durante o evento, as organizações lançaram hoje (31) uma campanha de mobilização no Cristo Redentor.
Participam da ação o Movimento Nacional dos Direitos Humanos, o Núcleo Rede um Grito Pela Vida/RJ e o Centro dos Direitos Humanos da Diocese de Nova Iguaçu.
Além do crime de tráfico de pessoas, a campanha quer chamar a atenção para outros crimes que costumam estar relacionados, como o trabalho escravo, a exploração sexual e a comercialização de órgãos humanos.
O superintende de promoção dos Direitos Humanos da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, Miguel Mesquita, participou do evento e afirmou que representantes de diversos órgãos estarão atentos a violações nos locais de competição no período dos jogos. O governo também deve investir em campanhas publicitárias no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim. No final de julho, o governo do estado também deve trabalhar na mobilização em uma semana nacional contra o tráfico de pessoas, em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).
Mesquita defende que é preciso alertar a população: “O tráfico de pessoas é um crime muito escondido. As pessoas não sabem que existe, não sabem como acontece. É tudo muito misterioso. As pessoas envolvidas são muito articuladas e contam com o envolvimento de indivíduos de classes mais altas”, disse ele que recomenda denunciar ou buscar orientação quando se deparar com ofertas de emprego boas demais, convites de viagem e propostas de casamento no exterior. “O tráfico vai trabalhar sempre com a vulnerabilização. Se a pessoa quer um emprego, quer realizar um sonho, precisa sair de uma situação de guerra”.
O superintendente afirmou que as religiões podem ter um papel positivo no combate a esse tipo de crime, se trabalharem na conscientização dos seus fiéis. Coordenador da comissão de combate à intolerância religiosa na Secretaria de Direitos Humanos, o balaô Ivanir dos Santos destacou que religiões afrobrasileiras, por exemplo, podem lembrar sua própria história para contribuir com o debate.
“Um religioso que professa uma religião que vem daqueles que foram traficados para o Brasil não pode ficar insensível a um apelo como esse. Temos que conscientizar primeiro a sociedade civil, e o Estado tem que ser o seu papel”, explicou o balaô.
Mantida em condições de trabalho escravo no Brasil, a peruana Sara chegou ao Rio de Janeiro com a promessa de que trabalharia em um restaurante em Copacabana. No Brasil, foi mantida a portas fechadas em uma cozinha, quando conseguiu fugir, foi acolhida pela Pastoral do Imigrante, da Igreja Católica. “Durante um mês, eu fiquei presa. Pensei que minha vida tinha acabado”, disse.
Fonte: Agência Brasil