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A arte de elogiar

Do mesmo modo como é fundamental perceber suas limitações e aprender a lidar com o não, ser reconhecido por ter realizado algo positivo é importante para a criança desenvolver sua auto-imagem positiva e saber que é capaz de produzir coisas boas. Os elogios aumentam a confiança e servem para mostrar habilidades que devem ser constantemente melhoradas.

Por Márcia Mattos

Muito se fala sobre a importância do “não” para a formação da criança – sem dúvida não se pode crescer sem a noção dos limites, sem entender que não se pode tudo o tempo todo, e isso é aprendido através da delimitação de regras. Hoje, porém, vamos abordar outro elemento também necessário na educação dos filhos: o elogio.

Do mesmo modo como é fundamental perceber suas limitações e aprender a lidar com o não, ser reconhecido por ter realizado algo positivo é importante para a criança desenvolver sua auto-imagem positiva e saber que é capaz de produzir coisas boas. Os elogios aumentam a confiança e servem para mostrar habilidades que devem ser constantemente melhoradas.

A cultura de valorizar as qualidades e as atitudes positivas deve ser incorporada à prática familiar. O elogio serve como uma injeção de ânimo para continuar melhorando. Mas quantas vezes não se perde a oportunidade de elogiar, de valorizar uma atitude do filho, porque nosso olhar já está “viciado” somente para os erros? E criticar, para alguns, é bem mais fácil!

Todo mundo gosta e precisa receber elogios, pois “faz bem ao ego”. No entanto, é preciso cuidado para não banalizar esta prática, pois como diz o ditado: “tudo o que é demais enjoa” e eu acrescentaria: pode estragar!

Quem nunca ouviu que é importante elogiar os desenhos ou qualquer outra produção da criança? Sem dúvida é importante para o seu crescimento, reconhecer-se capaz de produzir coisas bacanas, correndo o risco de travar sua criatividade e iniciativa caso ouça críticas severas, mas o elogio deve ser na medida, sem exageros, e acima de tudo: verdadeiro. A criança não é boba, ela mesma sabe quando o que fez não está lá essas coisas!

elogios

Por incrível que pareça, elogio em excesso e por tudo pode atrapalhar. Em determinadas situações, ao invés de funcionar como estímulo, pode até despertar algum tipo de constrangimento ou ainda a autocobrança excessiva. A criança pode tornar-se dependente dele e exigir aprovação o tempo todo. Também pode, de tanto receber elogio, se achar superesperta e especial, chegando a ponto de aborrecer os outros com sua arrogância!

Portanto, tenha cautela! Algumas atitudes que já são esperadas da criança como: arrumar o quarto, guardar seus brinquedos, tomar banho no horário determinado, fazer o dever etc, quando realizadas com autonomia podem ser valorizadas e reconhecidas, mas dispensam elogios excessivos e diários, afinal, não se pode supervalorizar comportamentos básicos e que foram combinados previamente.

Use e abuse dos elogios para os momentos especiais como os de demonstração de aprendizagem dos valores, da filosofia da família e não para os momentos de demonstração de obediência. Por exemplo, imagine que seus filhos estão brigando na sala pelo controle remoto e você pede que João dê o controle à Luis porque este chegou primeiro. João te obedece. Legal! Mas não há necessidade de se rasgar em elogios por isso.

Mas, seu filho está na sala assistindo a um programa que adora, chega sua avó querendo assistir outra coisa e ele, sem que ninguém peça (ou mande) cede, gentilmente, o controle. Aí vale o reconhecimento orgulhoso dos pais por perceberem que seu filho aprendeu a respeitar os mais velhos, a receber bem as pessoas em sua casa etc. Esse elogio é extremamente válido, importante e sem dúvida, verdadeiro.

Não perca a oportunidade de falar de seu orgulho e admiração por determinada atitude de seu filho, mas na medida.

Márcia Mattos é psicopedagoga da Clínica Apprendere