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A saúde no mundo

Temos um dos melhores sistemas de saúde do mundo.

Nathalie Depieri

Ao longo das décadas, muito tem se falado sobre o sistema de saúde adotado no Brasil. Que lá fora é assim, assado, que nos Estados Unidos é melhor, na Europa é uma maravilha. Entretanto, a maioria dessas pessoas desconhece a realidade do sistema de saúde no exterior.

Os países possuem diferentes sistemas de saúde, com objetivos e formas de execução próprias. Para que se possa pensar sobre o que compõe cada um desses sistemas é preciso considerar o que faz parte da saúde de uma população, isto é: a saúde não se restringe a atendimentos hospitalares, mas é o resumo das condições oferecidas à população, como habitação, emprego, saneamento básico, educação, ambiente de trabalho etc. Todo sistema de saúde deve ser elaborado a partir de três elementos: político, econômico e médico.

Saúde no Brasil

O Brasil tem como sistema o SUS (Sistema Único de Saúde), criado em 1988 a partir do intuito de tratar das desigualdades presentes na sociedade quanto às necessidades relacionadas à saúde da população com base na Constituição, que determina que a saúde é de responsabilidade do Estado.

Algumas mudanças expressivas podem ser identificadas a partir do surgimento do SUS. O número de pessoas atendimento em hospitais passou de 30 milhões para 70 milhões; O sistema público poderia ser utilizado somente para quem contribuía para a previdência social, passando a ser para todos posteriormente; passou a ter a participação ativa dos usuários, entre outros.

Como poucos sabem, o SUS não está presente apenas nos atendimentos em hospitais e unidades de pronto atendimento, mas também em outros serviços prestados à sociedade, como assistência farmacêutica, saneamento, saúde suplementar, vigilância sanitária, distribuição de vacinas e medicamentos etc.

Ao redor do mundo existem alguns modelos de sistema de saúde:

Universalista: conta com financiamento público e impostos e a maior parte do financiamento vem do Estado.

Seguro social: a participação é obrigatória e o financiamento vem de empresários e trabalhadores. Só cobrem contribuintes e familiares. A Alemanha é um dos países que faz uso deste modelo.

Seguros privados: descentralizado, limita a ação do Estado. É o tipo de sistema utilizado nos Estados Unidos.

Assistencialista: o Estado só atende pessoas incapazes de cuidarem da própria saúde.

Países da Europa possuem sistemas diferentes também entre si. Na Inglaterra, por exemplo, o sistema de saúde é igual para todos e possui um viés de prevenção e de cura, mas o tempo de cirurgia costuma ser longo e, muitas vezes, pacientes são enviados para outros países para tratamento.

Na Alemanha é obrigatório possuir um plano de saúde. Geralmente os custos são divididos dentre empregado e empregador, mas os que possuem renda mais alta podem escolher um plano privado. A França possui, segundo a Organização Mundial de Saúde, o melhor sistema de saúde do mundo, que tem o Estado como principal agente. O paciente possui liberdade para escolher o profissional que vai atendê-lo, mas precisa, algumas vezes, arcar com uma alta porcentagem do custo.

Nos países baixos os pacientes devem buscar um “médico da família” que são, geralmente, bem qualificados e os custos para os pacientes são baixos. Na Suíça também existe a obrigatoriedade em relação à aderência a um plano, a área da saúde é considerada uma das melhores do mundo, mas os pacientes precisam custear suas despesas médicas.

Na América Latina

Países como Argentina, Chile e México possuem sistemas “fragmentados”, sendo, em resumo, público, de serviços sociais e privado. Nos Estados Unidos 75% das pessoas possuem seguro privado, mas existem instituições voltadas para grupos especiais, como pessoas doenças cardíacas. De modo geral, existe um número alto de pessoas sem cobertura e a saúde é considerada um problema individual e não coletivo.

É preciso destacar que, diante dos sistemas de saúde citados acima, o SUS se apresenta como uma alternativa gratuita, que busca promover a igualdade ao direito a saúde e se aproxima de um modelo democrático, considerando a sua base que inclui a participação social.

Nos últimos vinte anos o sistema de saúde no Brasil apresentou alguns avanços no que se refere a recursos, ciência e tecnologia, aumentou a participação coletiva e ampliou a conscientização sobre a importância do sistema.

No entanto, devido a problemas culturais, a população brasileira possui dificuldades em reconhecer o progresso citado e valorizar essa política pública diante dos outros sistemas. Como brasileiros e usuários, temos o papel de consolidar o SUS como uma conquista e como um dos melhores sistemas de saúde do mundo.