
A violência psicológica e afetiva e algumas das suas consequências
Um fator que está geralmente ligado à violência psicológica é a dependência afetiva da vítima. De alguma forma, o agredido vê, na brutalidade do agressor, um tipo de segurança para ele. A carência afetiva o faz manter uma certa cumplicidade com tais sofrimentos, associa que o parceiro com temperamento explosivo é o protetor, o ciume patológico como demonstração de quem quer manter o relacionamento a todo custo e as ameaças como que gestos desesperados de amor.
Outro ponto é que a pessoa dominada, na maioria das vezes, tem baixa autoestima, um provável reflexo de opressões e angústias vivenciados em seu histórico.
A violência psicológica é crime, está lá no artigo 7º da lei Maria da Penha: “Constrangimentos, ridicularização e perseguição, entre outras ações causadoras de danos emocionais”. Contudo, a complexidade em definir, por exemplo, o que é uma crise de relacionamento da agressão moral e psíquica, torna difícil trazer à tona provas que a identifiquem.
Não somente os casais vivem esse tipo de problema, mas crianças, pessoas deficientes e idosos que dependem dos cuidados de outros. Estes, não raramente, sofrem por negligência, impaciência e intolerância dos seus responsáveis. Também eles podem sofrer os tipos de violência abaixo relatados.

Agressões
– Violência verbal: caracteriza-se por proferir xingamentos, obscenidades ou palavras que desclassificam e julgam o outro incapaz.
– Indiferença: é o comportamento neutro, a omissão ou o descaso com a vida e as necessidades do outro, o que, por vezes, machuca mais do que o ódio declarado.
– Intolerância ou discriminação: despreza as características, a cultura, os valores e a crença do outro.
– Perseguição: disposição em causar dano ou mesmo só o escárnio a alguém de forma sequencial, quando não basta agredir ou ridicularizar apenas uma vez. Numa palavra mais moderna, é o famoso bullying.
– Chantagem: condicionar o bem que se pode fazer ao outro, isentá-lo de punição ou suprir uma de suas necessidades mediante uma retribuição ou satisfação imoral para o agressor.
– Causar dependência do outro: acontece quando uma pessoa identifica (ainda que inconscientemente) a carência afetiva do outro e usa disso para oprimir, sufocar e impor suas vontades na vida dele. Não esqueçamos que angustia termina quando partimos para a ação.
Partir para a ação ou não só depende de você
Edson Henrique é enfermeiro e ministra palestras sobre comportamento humano.