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Cadeia ou anistia? Qual será o futuro de Jair Bolsonaro?

“Senão for reeleito, a gente passa a faixa, e eu vou me recolher. Porque, com a minha idade, não tenho mais nada a fazer aqui na Terra, se acabar essa minha passagem pela política.”

Andie Carolina

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Você pode até não se recordar, porém essas foram as palavras do ex-presidente Jair Bolsonaro em entrevista para o podcast Collab, em setembro de 2022. Ele dava a entender que em caso de perda da eleição a qual concorria (o que de fato aconteceu), deixaria a política.

Mas a verdade é que o capitão apareceu com mais um dos seus inúmeros argumentos hipócritas, que no fundo, não dá nenhum indício de que não se sinta ainda em condições de seguir comandando a país.

Sendo ele a principal figura da extrema direita e do conservadorismo, duas ideologias seguidas fanaticamente por uma parte da população brasileira, o mais certo é que teremos novas surpresas em relação ao “Mito” em um futuro bastante próximo.

Novos rumos

Circula em alguns meios de comunicação, a informação de que o PL (Partido Liberal) pretende dar um novo cargo a Bolsonaro em uma tentativa de continuar a manter o nome do ex-presidente em evidência, já com a intenção de prepará-lo para uma nova reeleição à presidência do país em 2026.

Vale lembrar que Bolsonaro iniciou sua carreira na política em 1989, quando se tornou vereador no Rio de Janeiro, e desde então, nunca mais se afastou da vida pública.

Atualmente, mesmo após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas no primeiro e segundo turno da última eleição presidencial, Bolsonaro continua a movimentar suas redes sociais com um tom de liderança.

Com mais de 25 milhões de seguidores no Instagram (ele é o político mais seguido do Brasil e o quarto mais seguido no mundo), seu perfil está repleto de postagens exaltando suas supostas boas ações enquanto presidente e claro, uma chuva de críticas ao atual governo e os anteriores, como o de Dilma Rousseff, por exemplo.

Todos estes posts, claro, acompanhados de uma onda de elogios nos comentários por parte de bolsonaristas anônimos e famosos. A paixão demonstrada pelo capitão do exército só reforça o entendimento de que o bolsonarismo está muito longe de acabar e que o ex-militar, atualmente com 67 anos de idade, terá uma vida muito longa para aqueles que se identificam com as filosofias de seu governo.

Um outro aspecto bastante perturbador quanto à continuidade do governo Bolsonaro é pensar no fato de que diversos Governadores eleitos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná nas eleições mais recentes já declararam apoio ao ex-presidente, o que pode alimentar mais ainda a possibilidade de uma nova reeleição quando o atual mandato terminar, já que o apoio destes governantes pode ser a ponte para, que de alguma forma, o bolsonarismo continue a ser difundido por todo o país.

Jair Bolsonaro tem futuro incerto. Foto: divulgação

“Nossa robusta representação no Congresso Nacional mostra a força dos nossos valores: Deus, Pátria, Família e Liberdade. Formamos diversas lideranças. Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso.” Essas foram as palavras de Jair Bolsonaro no dia 01 de novembro de 2022, em relação aos seus apoiadores eleitos.

Como se fosse pouco, as próximas eleições municipais também podem ser benéficas para o futuro do Mito. Quem explica isso é a própria política, pois uma vez que o ex-presidente fica sem mandato, essa é a chance de seus filhos se candidatarem à prefeito em 2024.

Para quem não sabe, a legislação proíbe que parentes de um presidente se candidatem a cargos que não seja o mesmo que já ocupam, isto é, com Bolsonaro fora da presidência, seu filho Eduardo (Deputado Federal) poderá se candidatar à prefeitura de São Paulo e seu filho Carlos (Vereador) poderá se candidatar á prefeitura do Rio de Janeiro. Desta forma, Bolsonaro e companhia continuarão a espalhar a força da extrema direita e do conservadorismo pelo país.

Uma variedade de delitos

Embora uma reeleição seja quase a alternativa certa para descrever o futuro de Jair, existem grande pedras no caminho, que poderia inclusive acabar com a possibilidade de manter o sonho do bolsonarismo vivo: a cadeia para o ex-presidente.

  • Interferência na Polícia Federal;
  • Vazamento de dados de investigação sigilosa;
  • Fake News sobre o sistema eleitoral;
  • Epidemia com resultado de morte;
  • Infração de medida sanitária preventiva;
  • Charlatanismo;
  • Incitação ao crime;
  • Falsificação de documento particular;
  • Emprego irregular de verbas públicas;
  • Prevaricação;
  • Extermínio e perseguição;
  • Violação de direito social;
  • Incompatibilidade com dignidade, honra e decoro do cargo.

Estes são apenas alguns dos crimes e infrações cometidas por Bolsonaro ao longo de seus quatro anos de mandato. E o mínimo seria que ele respondesse por estes mencionados e outros atos ilícitos. A esperança é o fato de que a legislação não oferece nenhum tipo de blindagem a quem já exerceu algum cargo político, inclusive os mais altos, como o da presidência, por exemplo. E agora, com o atual presidente eleito revogando os 100 anos de sigilo impostos durante o governo Bolsonaro, a chance de nos livrarmos do dissabor de tê-lo comandando o país se torna ainda maior.

Vale lembrar que o ex-presidente que já está respondendo por cinco inquéritos no Supremo Tribunal Federal, também é acusado de ter usado de meios desonestados para evitar a abertura de processos de impeachment contra ele em 2020. Caso você não se lembre, caro leitor, existe um relatório construído pela CPI da Covid com mais de 1.200 páginas descrevendo em detalhes os crimes cometidos por Bolsonaro durante a pandemia. Esse relatório traz ao menos 12 crimes cometidos pelo então presidente, junto a seus filhos, Eduardo, Flávio e Carlos, acompanhados de 65 agentes públicos e privados. Juntos, esse grupinho perverso desenharam ações que impactaram diretamente nos avanços da pandemia no país, resultando em uma onda de milhares de infectados e quase 700 mil mortes.

A Justiça da Primeira Instância, o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral serão os responsáveis pela apuração das denúncias feitas contra o ex-presidente. Se condenado, ele perderá seus direitos políticos de exercer um novo cargo dentro do PL e até mesmo de se reeleger à presidência. Além disso, poderá ser condenado a 100 anos de prisão.

Andie Carolina é graduada em Publicidade e Propaganda. E, apaixonada por música, séries, televisão e cinema. Instagram: @AndieCarolinaP