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Como era a Amazônia há 65 milhões de anos?

Uma equipe internacional busca justamente esta resposta através de perfurações no subsolo da maior floresta do planeta.

Philipe Campos

Cientistas de 12 países justamente para responder esta pergunta, decidiram abrir um “túnel do tempo” para estudar como era a Amazônia há 65 milhões de anos. Para que isso possa ser estudado de maneira cientificamente, na última sexta-feira (16), um poço de 2 mil metros de profundidade, foi perfurado no município de Rodrigues Alves no interior do Acre. Projeto internacional com a participação da Universidade de São Paulo, quer realizar a extração de amostras geológicas com até 65 milhões de anos do subsolo mais profundo para entender a história evolutiva da maior floresta do planeta. O poço também será uma espécie de “túnel do tempo” e revelará como era a vida na Amazônia, logo após a extinção dos dinossauros.

De acordo com a Unidade de São Paulo, a ação envolve cerca de 60 pesquisadores, de 12 países. Segundo os cientistas, trata-se do “mais amplo programa de pesquisa já organizado para estudar a origem e a evolução da Amazônia.”

O principal objetivo desta “expedição” é entender como a floresta se formou, como ela se modificou ao longo do tempo e o que pode acontecer com ela daqui para frente, caso as condições ambientais e climáticas às quais ela foi exposta no passado venham a se repetir no futuro, algo muito provável de acontecer já nas próximas décadas, segundo as previsões climáticas do presente.

Isaac Bezerra é gerente do projeto em execução. Foto: Rayza Lima Rede Amazônica Acre

Segundo o gerente do projeto, Isaac Bezerra, “o projeto de perfuração prevê estudar a origem e evolução de clima, relevo e hidrologia da região Amazônica e sua importância para o clima global. Desde que a máquina foi instalada, iniciou-se a atividade e é previsto o mínimo de 90 dias. Todo esse material está sendo armazenado aqui em Rodrigues Alves, a partir do final da atividade, nós vamos levar para a USP e de lá e será enviado para a universidade nos Estados Unidos, onde será preservado e analisado pelos pesquisadores participantes do projeto. Como é um projeto de perfuração Transamazônica, nós estamos aqui no Acre, como se fosse a nascente do rio” explicou.

De volta no tempo

O projeto original previa cinco locais de perfuração, mas o encarecimento de vários itens e serviços nos últimos anos obrigou os pesquisadores a reduzir o plano para dois. Ainda assim, são dois pontos estratégicos, que já permitiram contar muita coisa sobre o passado da Amazônia.

Como as camadas de solo se sobrepõem ao longo do tempo, elas seguem uma ordem cronológica: quanto mais profunda a amostra, mais antiga ela é. Tanto no caso do Acre quanto do Marajó, os cientistas calculam que a perfuração os levará à fronteira do fim do período Cretáceo e início da Era Cenozoica, 65,5 milhões de anos atrás, quando a Terra estava emergindo de uma sequência cataclísmica de eventos que levou à extinção de grande parte das espécies existentes à época, tanto da flora quanto da fauna, incluindo quase todos os dinossauros e reconfigurou os ecossistemas do planeta como um todo.

Um dos itens mais importantes os pesquisadores esperam extrair dos testemunhos são amostras de pólen fossilizado das diferentes plantas que compuseram a flora amazônica ao longo desses milhões de anos, fornecendo evidências diretas de como a biodiversidade da floresta evoluiu no decorrer do tempo, em sincronia (ou não) com fenômenos geológicos, ambientais e climáticos.

Os novos testemunhos, porém, devem permitir reconstruir essa história com um nível de detalhamento maior.

Fonte: TV Globo Rio Branco