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Desafio Baleia Azul pode ter ligações com rede de pedofilia

O “desafio” Baleia Azul pode ser ainda mais letal do que imaginamos. De acordo com a delegada Fernanda Fernandes, da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática do Rio de Janeiro (DRCI) e uma das responsáveis pela investigação que culminou na operação Aquarius, realizada no dia 18 último, em nove estados do país para cumprir 24 mandados de busca e apreensão e um de prisão temporária de trinta dias, os administradores das páginas que aliciam jovens para participar do jogo podem estar ligados a uma rede de pedofilia.

Um dos acusados de ser aliciador no esquema, identificado como Matheus Moura da Silva, de 23 anos, foi preso em casa, em Nova Iguaçu. No imóvel do suspeito, que seria curador do desafio (administrador da página que recruta os participantes), foram apreendidos celulares e computadores, que podem revelar novas vítimas e suspeitos de atuarem no grupo. Um adolescente acusado de pertencer ao esquema de aliciamento foi detido em São Paulo. Em seu depoimento, o acusado teria dito que existem pelo menos outros cinco criminosos agindo no Rio.

Mateus suspeito
Mateus seria um dos curadores do Baleia Azul Foto: divulgação

A polícia já teria pedido a prisão dos suspeitos, mas os nomes não foram divulgados e a informação sobre os mandados de prisão não foi confirmada pela corporação. Segundo a delegada Fernanda Fernandes, Matheus confessou ter aliciado pelo menos 30 vítimas, com idades entre 9 e 15 anos.

No entanto, a polícia afirma ter provas que 40 jovens participaram do desafio. “Há indícios de que os curadores pedem para as vítimas fotografarem suas partes íntimas para vender o material”, alertou Fernandes. De acordo com a investigação, uma menina chegou a desenhar, com objeto cortante, uma baleia, o símbolo do desafio, em suas partes íntimas.

O trabalho da DRCI começou no início do ano através de buscas feitas em redes sociais para localizar possíveis vítimas e aliciadores. De acordo com o inquérito, para ter acesso aos grupos, as vítimas pediam para entrar em páginas do Facebook relacionadas ao desafio Baleia Azul, e logo em seguida passavam por uma “entrevista” feita por um dos curadores. Os jovens só conseguiam acessar as páginas após fornecer dados pessoais e oferecer garantias de que não abandonariam o desafio sem concluir as 50 etapas.

A delegada alertou que as principais vítimas dos aliciadores são jovens que demonstram fragilidade emocional e que precisam de apoio psicológico. “Se a criança não sofria distúrbios, depois de entrar no jogo certamente vai passar a apresentar sinais de depressão”, afirmou Fernandes.