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Em plataforma Discord, criminosos violentam e humilham meninas menores de idade

De acordo com delegado, criminosos são sádicos, misóginos e tem um avesso por mulheres.

Philipe Campos

O Discord é popular entre adolescentes. A plataforma permite que as pessoas se comuniquem em transmissões ao vivo de vídeo onde tudo pode acontecer, inclusive crimes de estupro e assédio de meninas menores de idade. As vítimas passaram a ser chantageadas a cumprirem desafios e se não aceitarem, fotos íntimas eram vazadas.

Em um dos vídeos divulgados na plataforma, um dos criminosos tem vários aparelhos de armazenamento onde guarda uma coleção perversa, onde intitula de “backup das vagabundas estupráveis”. São centenas de meninas violadas, chantageadas, expostas e catalogadas em pastas com o nome de cada uma.

Ações da Polícia

Os agressores se sentem protegidos pelo anonimato das telas de computador, que acabam se tornando mais cruéis. Mas este anonimato não fica impune pelas investigações da Polícia Federal, que prendeu um dos agressores em abril, Izaquiel Tomé dos Santos, conhecido como Dexter.

Há denúncias de dez vítimas: fotos de meninas nuas, mutiladas com uma dolorosa assinatura, e o nome Dexter escrito com lâmina na pele.

A promotora Maria Fernanda Balsalobra diz que “é importante que fique muito claro que não se trata de desafios que estão sendo praticados por adolescentes. Trata-se de criminosos, a grande maioria maiores de idade, que utilizam a insegurança dessa plataforma em relação a crianças e adolescentes para praticar crimes gravíssimos contra essas meninas”.

Na última sexta-feira (23), a polícia também prendeu dois criminosos que agiam na plataforma e identificaram mais um, Carlos Eduardo, conhecido como DPE, que está foragido.

De acordo com o promotor de justiça de São Paulo, Danilo Orlando, “estamos apurando, através de um inquérito civil, a falta de segurança da plataforma Discord. Crimes individuais sempre vão ocorrer na internet. O que diferencia é a detecção de que nessa plataforma está ocorrendo um discurso estruturado de ódio. Um local propício para que eles planejem ataques às vítimas e, principalmente, transmitam o conteúdo do crime” explicou o promotor.

O Discord se pronuncia

Durante uma entrevista para o Fantástico da TV Globo, o porta-voz do Discord disse que a plataforma não tolera comportamento odioso. “Nós somos um produto gratuito para mais de 150 milhões de usuários ao redor do mundo, e de tempos em tempos, conteúdo mal e comportamento mau vão acontecer. Nós trabalhamos ativamente para remover esse conteúdo”, afirmou o porta-voz. “Gostaria de enfatizar que a vasta maioria das interações de brasileiros usando Discord são positivas e saudáveis. Nós somos proativos e investigamos grupos que podem estar envolvidos em ameaças a crianças e trabalhamos para tirar esses agentes ruins da plataforma”.

Além da responsabilização individual dos agressores, o Ministério Público de São Paulo também investiga o próprio Discord.

Fonte: TV Globo / Fantástico