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Empreendedor negro teve perdas durante a pandemia e possui dificuldades na hora de solicitar um novo crédito

William Gama

Esses dados foram obtidos nos meses de abril e maio e foram ouvidos microempreendedores individuais e donos de micro e pequenas empresas de todo o país.

A pandemia do covid-19, trouxe efeitos econômicos catastróficos para os empreendedores negros. Quem garante é uma pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo o estudo houve uma queda de 62% no faturamento desse grupo, relacionados ao período pré-pandemia.

Esse número foi maior em relação ao registrado dos empreendedores brancos, que girou em torno de 56%. Os empreendedores negros foram os que mais sofreram com os efeitos negativos provocados por essa crise, pois nos últimos anos, esse público teve perdas significativas em seu faturamento. 

Outro fator que agravou essa situação, foi os poucos recursos de acesso ao crédito, para que eles pudessem recorrer e assim tentar sanar os prejuízos que foram acometidos e contornar a situação de seus empreendimentos. Todos esses dados foram revelados através da 14ª edição em uma pesquisa realizada sobre o impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios no Brasil. Esse resultado também foi comparado ao mês de abril de 2021, onde também teve uma queda.

Os empresários negros tiveram perdas de 43%, e, o grupo de empreendedores brancos, o percentual foi de 37%. Esses dados foram obtidos nos meses de abril e maio, em que foram ouvidos microempreendedores individuais e donos de micro e pequenas empresas de todo o país.  

“Os dados mostram o que já observamos, muitas vezes, no dia a dia. Demorando para recuperar o faturamento e sem conseguir crédito, é mais difícil para o negro ser empreendedor no Brasil e a pandemia deixou ainda mais clara essa desigualdade social.

Empreendedores negros são os mais endividados

É preciso intensificar a concessão de crédito para essa parcela da população e o Sebrae tem atuado para promover políticas eficientes para alavancar os pequenos negócios brasileiros”, frisou o presidente da instituição, Carlos Melles, em entrevista à Agência ASN.

A pesquisa ainda divulgou, que o aumento de custo, a falta de clientes e dívidas com empréstimos, são as principais queixas tanto dos empresários negros quanto de empresários brancos. Desses entrevistados, os negros lideram o ranking de empreendedores com muitas dívidas e empréstimos atrasados, com um percentual de 35%. Já entre os brancos, esse índice é de aproximadamente 27%.

Além desses dados, outros fatores foram mencionados nas análises das entrevistas. A pesquisa revelou que entre esses empreendedores endividados, os negros possuem mais dificuldades. Pois, um terço da renda deles é comprometida para quitar dívidas, ou seja, 64% deles a quitação de débitos supera os 30% dos custos mensais. Já entre os empresários brancos, esse número cai para 54%, do total de empreendedores. 

Assim que começou a pandemia em 2020, 51% dos empresários negros procuraram obter algum tipo de empréstimo. Esse índice segundo o estudo, comprova que o número de empreendedores brancos que recorreram algum tipo de crédito nos bancos foi de 49%.

Desses, que procuraram as instituições financeiras cujo objetivo era a conquista de um empréstimo bancário para quitar seus débitos e ajustar as suas empresas financeiramente, 47% dos empreendedores negros tiveram seus pedidos negados pelos bancos. Em relação aos pedidos solicitados pelos empresários brancos, apenas um grupo de 34% não teve êxito em suas solicitações de créditos.

Fonte: Agência Sebrae de Notícias (ASN)

William Gama é formado em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) e Mestrando em História (UNICAP). Gosta de produzir matérias de diferentes nichos em Mídias e Redes Sociais. Instagram: williamgama.J