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Ex-ministro da Educação é preso em operação da Polícia Federal na manhã de hoje

Pastores Milton Ribeiro e Gilmar Santos são presos pela Operação Acesso Pago,

Marcelo Carvalho

A casa literalmente caiu para o pastor presbiteriano e ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que foi preso, preventivamente, pela Polícia Federal, na manhã desta quarta-feira (22), em Santos Litoral Paulista.

Ribeiro é investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do Mec.

O mandado é resultado da operação “Acesso Pago”. A operação mira também um grupo de pastores. Ao menos um dos pastores, Gilmar Santos, também foi preso.

Segundo a PF, a operação tem o objetivo de investigar a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado ao Ministério da Educação (MEC).

Momento em que o ex-ministro Milton Ribeiro foi preso. Reprodução da internet

Operação “Acesso Pago” 

Além do mandado preventivo destinado ao ex-ministro, outros 13 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão foram expedidos. As determinações foram distribuídas pelos estados de Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal. 

Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão nos endereços do ex-ministro e dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos. A justiça determinou, ainda, medidas cautelares que proíbem o contrato entre investigados e envolvidos. 

De acordo com a Polícia Federal, a investigação teve início após autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), em razão do foro privilegiado de um dos investigados. A operação corre sob sigilo. 

“O crime de tráfico de influência tem pena prevista de 2 a 5 anos de reclusão. São investigados também fatos tipificados como crime de corrupção passiva (2 a 12 anos de reclusão), prevaricação (3 meses a 1 ano de detenção) e advocacia administrativa (1 a 3 meses)”, explicou a PF em nota. 

A prisão ocorre depois da divulgação, em março deste ano, pelo jornal Estado de S. Paulo, de áudios de Milton Ribeiro em que ele falava sobre o favorecimento de municípios que negociavam verbas com pastores, que não tinham cargos no governo. Dias depois, a Folha divulgou um áudio em que Ribeiro falava que o pedido vinha diretamente do presidente Jair Bolsonaro (PL). Na época, ele negou, em nota, que Bolsonaro tivesse feito esse pedido. Dias depois, ele pediu demissão da pasta.

O mandado, assinado pelo juiz federal Renato Borelli, determina que Ribeiro seja levado para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília. A audiência de custódia deve ser realizada ainda hoje.  

Como tudo começou

Em março, um inquérito foi aberto após o jornal “O Estado de S. Paulo” revelar  a existência de um “gabinete paralelo” dentro do Mec controlado pelos dois pastores. Dias depois, a Folha divulgou um áudio de uma reunião em que Ribeiro afirmou que, a pedido de Bolsonaro, repassava verbas para municípios indicados pelo pastor Gilmar Silva.

Após a revelação do áudio, Ribeiro deixou o comando do Ministério da Educação. Registros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) apontam dezenas de acessos dos dois pastores a gabinetes do Palácio do Planalto.

Bolsonaro defendeu Ribeiro

Em vídeo, Bolsonaro chegou a dizer que botava a “cara no fogo” por Ribeiro e que as denúncias contra o ex-ministro eram “covardia”. (Já nesta quarta, questionado sobre a prisão do ex- ministro pela PF, Bolsonaro afirmou que Ribeiro é quem deve responder por eventuais irregularidades à frente do MEC.

“Ele responde pelos atos dele”, afirmou Bolsonaro em entrevista à rádio Itatiaia. O presidente disse ainda que “se a PF prendeu, tem motivo.”