Guedes pede que o Congresso acelere as privatizações
Para o ministro essa é a única saída da crise
André Lucas
O ministro da Economia Paulo Guedes pediu que o congresso acelere as privatizações na Câmara para que saia ainda esse ano. Para o ministro essa é a única forma de garantir o retorno do crescimento da economia brasileira.
Guedes fez uma aparição surpresa na coletiva de imprensa da Receita Federal, que apresentou os dados da arrecadação brasileira em 2020 na última segunda-feira, 25 de janeiro.
Na ocasião, voltou a dizer que a economia brasileira está se recuperando em V da crise da covid-19, mas ressaltou que o país precisa avançar com a vacinação em massa e com as reformas econômicas para transformar a recuperação cíclica atual, baseada em consumo, em uma recuperação sustentada, baseada em investimentos.
“Limpar a Pauta“
Wilson Ferreira Júnior, que decidiu trocar a Eletrobrás pela BR Distribuidora por entender que o clima não é favorável para a privatização da estatal neste ano, foi um dos mais importantes assuntos da semana passada, porém Guedes não falou sobre o caso.
Guedes pediu para “limpar a pauta”, explicou que “estar lá o desbravamento da nossa retomada econômica, pediu para que o senado e Câmara dessem prioridade para as pautas paralisadas nas duas casas legislativas, e colocou a culpa em Rodrigo Maia por travar as reformas e paralisar as privatizações.
O ministro reconheceu que foi preciso mudar a ordem de prioridades no ano passado, por conta da pandemia de covid-19, e acredita que nesse ano o país tem que fazer as privatizações, passar as reformas e votar os marcos regulatórios que prometem trazer investimentos privados para o país.
Maia é um obstáculo
Não é de hoje que o ministro vem culpando o presidente da Câmara, Em outras ocasiões, Guedes já acusou o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de ter interditado a agenda de privatizações de estatais como a Eletrobrás.
Maia fez promessas para a oposição em troca de apoio, durante o período de eleição ele se comprometeu a não passar nada radical a partir do governo, e as reformas e privatizações estão incluídos neste pacote.
Um dos principais motivos de Bolsonaro ter um interesse tão grande em botar um dos seus sentado na cadeira da presidência da Câmara, é o obstáculo que Maia se tornou nos últimos 2 anos, para o planalto não adianta tirar o atual e permitir que a oposição nomeie outro para ocupar o lugar, é necessário um aliado.
Arthur Lira
É assim que a figura de Arthur Lira surgiu como boa opção para o governo federal. Em meio a manifestações maçantes dos últimos dias, onde a esquerda e a direita se mostram insatisfeitas com o governo, o Planalto vê a necessidade de mostrar resultados positivos para diminuir as tensões.
Além disso, com os 61 pedidos de impeachment na Câmara, o provável é que conseguir eleger Arthur Lira signifique segurança, já que o presidente da Câmara tem poder suficiente para travar pautas.
A escolha de Lira é interessante pois seu posicionamento é amplo, ou seja não exclui nenhum dos dois lados, com isso além do apoio da direita que Bolsonaro costura, o candidato ainda trás apoio da esquerda, como foi com o PTB por exemplo.
O nome de Lira associado ao Bolsonaro trouxe complicações, a oposição não quer Arthur Lira, por isso um grupo de opositores associados a Rodrigo Maia, que também é muito influente, vem conquistando votos para passar a frente na corrida eleitoral, até o momento o candidato desse grupo Baleia Rossi tem o apoio de PT, PSL, MDB, PSB, PSDB, DEM, PDT, Cidadania, PV, PCdoB e Rede. Juntas, as siglas somam 261 parlamentares, mas a votação é secreta e, por isso, pode haver votos divergentes.