
IA: Chatgpt vilão ou aliado para a aprendizagem?
“(…)os estudantes podem ficar dependentes do ChatGPT e deixarem de estudar. O ChatGPT é uma ferramenta que fornece respostas instantâneas e pode ser usado como uma alternativa (…)” ChatGPT.
Paulo Domingos
As tecnologias digitais inovam a cada dia e mudam todas as esferas humanas, como lazer, religião, cultura, saúde e na forma como interagimos socialmente. As relações e formas de aprendizagens entre as crianças e jovens passaram a representar novos desafios para os educadores. Até então o celular era o vilão e, em muitos casos associado a distração que atrapalha a aula e o rendimento do aluno. Uma situação que tem causado incomodo entre famílias, alunos e a escola.
A questão é que preocupações deste tipo não param por aí, a novidade no momento tem causado novas indagações e dúvidas: a nova linguagem ChatGPT da inteligência. Isso porque, esse recurso facilita soluções rápidas quando o assunto é pesquisar e buscar respostas para diversas dúvidas.
A IA (inteligência artificial) é um sistema onde dados e informações que são agrupados para serem codificados a linguagem natural, utilizando um modelo de ‘aprendizagem de máquina’ (machine learning), de modo que o sistema tem em si uma forma de agrupamento de informações que se organiza a dar respostas até então consideradas relevantes e com uma grande coerência.
ChatGPT
O ChatGPT (Generative Pre-trained Transformer) é um modelo de linguagem da Inteligência Artificial baseado no modelo de ambiente virtual de bate papo. Foi adaptado para ser usado como um chatbot que interage com o usuário, onde os modelos de respostas parecem ser como uma conversa com um ser humano.
Para Adriano Camargo, que é editor do canal Olhar Digital, o modelo de linguagem da IA é retroalimentado na medida em que se estabelece a interação humano e máquina: “Esse modelo de inteligência artificial se caracteriza pelo processo de deep learning (deep learning: aprendizado profundo), e que usa neurônios interconectados em uma estrutura em camadas similar ao nosso cérebro. Aprende com os feedbacks dos usuários. Permitindo com que as suas respostas sejam cada vez mais coerentes. O que mostra que a tecnologia está em constante evolução”, explicou Camargo.
O ChatGPT trata-se de um modelo de inteligência Artificial com habilidade de compreensão linguista de propósito geral. Isto é, não está restrito a um mero tradutor de um idioma. É muito mais do que isso. O modelo foi criado pela empresa de tecnologia OpenAI que lançou a sua primeira versão em 2018; mas apenas em 2020, durante a pandemia, que a sua terceira versão expandiu e ganhou notoriedade. O modelo GPT3 contava com um modelo treinado de 175 bilhões de parâmetros em uma base robusta de textos. O Atual modelo GPT-3.5 inclui mais texto das redes sociais e dos meios de comunicação.
Sendo assim, a linguagem de dados baseada na arquitetura GPT-3.5 tem uma estrutura para uma gama quantidade de respostas para perguntas complexas. E todo esse aparato representa uma ‘mão na roda’ para quem tem a vida corrida e precisa de agilidade e rapidez quando busca informações em todas as áreas do conhecimento
Até agora o que se sabe é que a ferramenta de IA veio para ficar e os próximos desdobramentos destas novas tecnologias ainda não se sabe o limite.
O recurso oferece um rápido retorno de respostas; dispõem citações e referências importantes e facilita novas estratégias e planejamentos para produção de estudos. Esse big-bang de dados utilizados por um sistema arquitetado para fornecer informações tem um impacto na área do conhecimento, no mundo do trabalho e na forma de aprendizagem.
Qual é a vantagem da tecnologia ChatGPT para a educação?
A professora Débora Garofalo, Gestora da Inovação é otimista em relação ao uso da ferramenta e salienta que não se deve ter receios da implementação deste recurso para aprendizagem: “Devemos olhar essa ferramenta como uma companheira de aprendizagem do estudante, que vai contribuir para processar informações, trocar ideias e atuar dentro do seu processo de ensino e aprendizagem”, completou Garofalo. O ChatGPT se torna um aliado que potencializa uma nova forma de processar informações de forma mais rápida e ágil.
A relação entre professor e o ChatGPT pode ter uma crise de adaptação momentânea, porque exige do profissional uma reestruturação didática e prática na sala de aula. É o que defende a consultora da área de transformação Digital e Tecnologias Educacionais e cofundadora do Amplifica, Carla Arena: “Precisamos entender como as tecnologias podem potencializar as práticas pedagógicas que já desenvolvemos com sucesso. Não é descartar o que já fazemos, mas trazer mais elementos tecnológicos para promover aprendizagens mais profundas e críticas”, comentou Arena.
Quais são as desvantagens da tecnologia ChatGPT para a educação?
Como nem tudo é perfeito e feito sob medida às nossas expectativas é importante lembrar que nada substitui a experiência humana, claro, nem o ChatGPT. Os dados armazenados foram acumulados com base em conhecimentos de alguém. O que relativiza as respostas para diferentes contextos e experiências culturais humanas.
A IA ainda não é capaz de transitar em diferentes interpretações e percepções humanas. Como exemplo a linguagem, os códigos e a conversão para outro idioma no que se refere à semântica aplicado às diferenças culturais. Essa limitação pode ter resultados incoerentes.
Outro ponto importante seria os limites da ética, quando envolve proteção de dados, segurança e a privacidade de milhares de usuários. Não se deve dispensar a grande virtude humana de aprendizagem e transformar o chatGPT em um centro cognitivo como uma solução fim, mas apenas como uma ferramenta que veio para ajudar, não substituir a inteligência humana.
A responsabilidade social e ética se aplica universalmente para qualquer ferramenta moderna ou rudimentar das civilizações. Por isso a importância da presença dos pais e responsáveis aliados à escola para orientação na aprendizagem dos filhos. Neste ponto Arena reitera que: “É muito importante que o professor oriente uma pesquisa e uma discussão sobre quem está bancando esses grandes players de tecnologia e sobre a origem desses dados. Fazer com que alunos e professores sejam cada vez mais críticos em relação aos dados e informações aos quais temos acesso por meio da tecnologia é um trabalho de cidadania” defendeu a consultora.
A Educação as novas perspectivas com a IAM-ChatGPT
As tecnologias podem surpreender as formas de ensino e aprendizado, isso porque os softwares e aplicativos podem ser desenvolvidos a partir de diagnósticos de distúrbios da aprendizagem. É o que diz o professor e pesquisador Dr. André Cesário da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) “ O ChatGPT traz muitas perspectivas interessantes como um aprendizado mais personalizado e adaptado de acordo com as necessidades de cada estudante (…) existem gaps que [o ChatGPT] consegue trabalhar para determinadas necessidades. O professor nem sempre tem tempo ou consegue trabalhar com cada aluno de acordo com o seu ritmo e lacunas na aprendizagem e conhecimento, dar feedback mais detalhado e personalizado, e oferecer recomendações de recursos de aprendizado adicionais com base nas preferências e estilos de aprendizado de cada aluno”
Outra visão futurística do professor são interações que envolvem aprendizados em outros idiomas: “ É possível fazer simulação de interações com falantes nativos em tempo real, permitindo que os alunos pratiquem suas habilidades de conversação, vocabulário e gramática. Pode permitir que os alunos trabalhem em projetos em grupo, discutam ideias e compartilhem recursos de aprendizado. Isso pode promover a construção coletiva do conhecimento”, comentou o pesquisador.
Com o uso das tecnologias de IA é possível que o professor possa desenvolver determinados cardápios didáticos adaptados para maximizar o ensino de determinado aluno ou que tenham alguma dificuldade cognitiva de aprendizagem apontou o professor: “É possível fazer planos de estudos de acordo com as preferências dos alunos. Se você gosta de estudar física em quadrinhos, Bem! (sic) têm livros com histórias em quadrinhos (…) sempre que um aluno do ensino superior me pergunta: Qual livro que eu estudo física 1? Eu sempre pergunto pra ele: Como você gosta de estudar? Você prefere fazer só exercício? Tem cara que odeia ler teorias, só gosta de fazer contas. Cada aluno tem um viés. “(sic) Confluiu o professor.
Desta forma, mesmo com o crescente número de recursos tecnológicos que geram entusiasmo e inseguranças no mercado atingindo também a área da educação, há elementos que são indispensáveis para a aprendizagem dos alunos como a dedicação aos estudos, a interação e a socialização entre os alunos e professores. Nada substituirá a aprendizagem do aluno e nem o papel do professor; as tecnologias são apenas intermediárias que podem ser usadas para facilitar o processo. É o que disse o Pró-reitor de ensino do IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina) Dr. Adriano Larentes da Silva, pós-doc em Educação e em Políticas Públicas: “ É importante sempre evitar análises e conclusões muito otimistas ou eufóricas, que mostram as tecnologias como redentoras dos inúmeros dilemas educativos, e também perspectivas que, atentas apenas às conjunturas muito recentes, acabam por vezes, de forma apressada e enviesada, tornando-se catastróficas. Em momentos como este, de incertezas e dúvidas, é preciso valorizar os momentos de estudo e de avaliação coletivos e presenciais, que estimulem o desenvolvimento cognitivo, a criticidade e a elaboração própria dos estudantes. E também nunca esquecer do papel central que tem cada professor e professora como produtores e organizadores dos conteúdos escolares e dos processos de construção do conhecimento e humanização dos nossos estudantes”, defendeu o Pró-reitor.
Perguntado ao ChatGPT sobre a dependência dos alunos em relação a IA e não estudarem, uma vez que eles têm a facilidade em obtenção dasdiversas respostas, o ChatGPT respondeu:
Sim, os estudantes podem ficar dependentes do ChatGPT e deixarem de estudar. O ChatGPT é uma ferramenta que fornece respostas instantâneas e pode ser usado como uma alternativa conveniente aos estudos tradicionais. No entanto é importante lembrar que o ChatGPT não substitui o aprendizado ativo e engajado. E, os estudantes precisam equilibrar seu uso com os de outras de aprendizagem, como leituras de livros, participação em aulas e resolução de exercícios. Se um aluno depender exclusivamente do ChatGPT e não usar outras fontes de conhecimento, ele pode ter lacunas em sua aprendizagem e desenvolvimento acadêmico.