
Laudo do MP confirma a pratica de ‘rachadinha’ no gabinete de Carlos Bolsonaro
Marcelo Carvalho
Tudo indica que a situação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) complicou de vez. Um laudo elaborado pelo Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do Ministério Público do Rio de Janeiro aponta fortes indício da prática de rachadinha no gabinete do político. De acordo com o documento, revelado na última quinta-feira 4 pelo jornal O Globo, o crime em questão ocorreria desde, pelo menos, 2009.
Segundo o laudo, o chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro, Jorge Luiz Fernandes, recebeu mais de 2 milhões de reais em dinheiro vindo das contas de outros funcionários da equipe do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. A movimentação financeira, diz a publicação, é a prova mais consistente da prática de rachadinha no gabinete do político. É importante citar que o levantamento realizado pelo laboratório foi produzido com autorização da Justiça.
Além dos depósitos na conta de Fernandes, o laudo também identificou que o chefe de gabinete usou suas contas pessoais para arcar com as despesas de Carlos. A prática seria um indício de participação do político no caso.
Provas suficientes para imputar crime
O MP-RJ, porém, ainda procura esclarecer o nível de envolvimento do filho do ex-presidente no esquema. A intenção é saber, por exemplo, se o pagamento de contas do vereador ocorreu de forma regular ou apenas pontual.
De acordo com os procuradores ouvidos pelo O Globo, o laudo, por si só, já seria suficiente para imputar o crime de peculato contra Fernandes, que trabalha para Carlos desde 2001, mas assumiu o maior cargo no gabinete do zero dois de Bolsonaro em 2018.
Segundo a reportagem, O laboratório do MP investigou 27 pessoas e cinco empresas ligadas a Carlos Bolsonaro. A apuração foi iniciada após a revelação de funcionários fantasmas no gabinete do vereador. O caso veio à tona em 2019. Naquela ocasião, informações mostraram que parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro, foram alocados no gabinete, mas não compareciam ao trabalho. Em todas as suspeitas de rachadinha no clã, Ana Cristina é apontada como a principal operadora do esquema.
A investigação criminal revelada nesta quinta-feira, destaca a publicação, não é a única contra Carlos Bolsonaro. Há, na Justiça fluminense, um procedimento para apurar eventual improbidade administrativa pelos mesmos motivos. Carlos Bolsonaro ainda não se pronunciou sobre o fato.