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Mourão afirma que Huawei vai participar do leilão do 5G

Depois de acordo com EUA, Brasil tinha o compromisso de barrar a Huawei do leilão, mas o vice presidente da República afirma que país vai permitir a empresa chinesa de participar

André Lucas

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o vice presidente Hamilton Mourão disse que a ideia de permitir a participação da Huawei no leilão do 5G “começa a tomar forma”. Mourão falou sobre a necessidade do país quando assunto é rede digital, afirmando que não existe intenção do governo de barrar a Huawei do leilão.

“No nosso governo não tem. O presidente não falou isso para mim em nenhum momento. Nós somos um país que precisa, somos um país muito pouco integrado digitalmente. Você sai daqui de Brasília, anda 50 km na estrada e não fala mais no telefone. Temos um marco de telecomunicações [Lei Geral de Telecomunicações, 1997] que é da década de 1990. Ele não atende mais. As operadoras têm que expandir a rede, mas elas são obrigadas a investir em telefonia fixa, orelhão. Tem que mudar o marco”, afirma Mourão.

A guerra comercial entre EUA e China vem redesenhando os polos da guerra fria, e o Brasil se encontra no meio dessa disputa. O governo de Jair Bolsonaro se aproximou muito do EUA na gestão de Donald Trump. Foram reduzidos os impostos sobre o aço norte-americano, a entrada de estadunidenses sem visto, entre outras medidas. E, em troca o presidente Trump viabilizou a entrada do Brasil na OTAN (organização do Tratado do Atlântico do Norte), além de facilitar o crédito ao Brasil durante a pandemia.

Do outro lado, a China, maior compradora do Brasil, adquire mais de 28% de todas nossas exportações. Isso é mais de um quarto das exportações brasileiras. Se juntarmos EUA ( segundo maior comprador), Países Baixos (terceiro maior comprador), Argentina (quarta maior compradora), Japão (quinto maior comprador) e Chile (sexto maior comprador), não chega a receita da China de mais de 63 bilhões de reais. E é no meio dessa situação que o Brasil se encontra nesse cenário de guerra comercial entre as duas potências mundiais. 

No dia 10 de setembro Keith Krach, secretário de Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente do Departamento de Estado dos EUA, participou presencialmente de um acordo com o Brasil para modernizar o sistema de rede digital e telecomunicações brasileira, o governo norte americano promete financiamento de 1 bilhão US$ para o investimento. Uma das pautas do acordo era o Brasil aderir o plano chamado de Clean network, programa do governo norte – americano para manter seguro os sistemas de redes e telecomunicações, o programa Barra a Huawei. Joshua Hodges diretor do Conselho de segurança nacional dos Estados Unidos disse para a imprensa brasileira: 

“É importante ter transparência, o que a China e a Huawei não apoiam. Os Estados Unidos se preocupam que eles utilizem dados e tecnologia para o benefício do Estado e não das pessoas”

O secretário das relações bilaterais e regionais nas Américas, Pedro Miguel da Costa Silva, chegou a anunciar que o governo estava de acordo com a política norte americana. 

“O Brasil apoia os princípios contidos na proposta do Clean Network [Rede Limpa] feita pelos EUA, inclusive na OCDE, destinados a promover no contexto do 5G e outras novas tecnologias um ambiente seguro, transparente e compatível com os valores democráticos e liberdades fundamentais”. 

Mas ao que parece, com a queda de Donald Trump os planos mudaram, e o governo brasileiro voltou atrás. Também vale ressaltar a pressão das operadoras para o Brasil aceitar a Huawei.