O caos climático e as lojas Havan
Capitalismo selvagem colabora sem escrúpulos para a destruição do meio ambiente
Tienne Almeida
Nos últimos dias, vários fenômenos da natureza vêm ocorrendo no Brasil e no mundo. Um exemplo são as fortes chuvas e as inundações que estão ocorrendo no Rio Grande do Sul, mas tais alterações ambientais, não ocorrerem da “noite para o dia”. Ao longo dos anos o meio ambiente vem sendo alterado de forma drástica e constantemente. Normas ambientais são modificadas para que grupos considerados poderosos e influentes sejam beneficiados. Isso tudo traz consequências sérias e de certa forma irreversíveis para todo o planeta.
O “Velho” da Havan
O empresário Luciano Hang, de acordo com o site “Matinal News”, em uma reunião na câmara dos vereadores de Joinville, fez a seguinte afirmação: “O meio ambiente é o câncer do país”, na oportunidade o dono das lojas Havan e outros empresários fizeram uma crítica ao licenciamento ambiental.
Segundo eles, as leis ambientais atrapalham o aceleramento. E, a população quer mais empreendimentos para gerar mais empregos. Naquele mesmo mês, o empresário havia divulgado um vídeo em suas redes sociais, no qual fazia críticas às leis de licenciamentos ambientais para a instalação de uma loja Havan naquela mesma cidade.
A demora reclamada por Hang teve um motivo plausível, a área da construção da loja foi alvo de uma ação do Ministério Público de Santa Catarina (MP/SC). O parecer atestou que o local teria sofrido aterramento clandestino, o que preparou a área para “grandes empreendimentos”, sendo assim, o MP resolveu barrar as obras até que tivesse terminada a apuração.
Mediante a isso, o dono da Havan postou um vídeo resposta, distorcendo os fatos, onde colocava a população contra os órgãos licenciadores, ao afirmar que a legislação dificultava o crescimento da cidade.
Ainda de acordo com o site Matinal News em sua reportagem em 2021:
“[…]Em Lajeado, a Havan vai se instalar sobre uma área de preservação permanente. O grupo escolheu um terreno que chega até as margens do rio Taquari, afluente do Jacuí que deságua no Guaíba. “A Havan aterrou uma parte da área para a loja ficar mais alta, mas mesmo assim continua localizada em área de preservação permanente, por causa do rio Taquari e da mata ciliar”, denuncia Eduardo Luís Ruppenthal, biólogo, especialista em Biodiversidade e Meio Ambiente (UERGS) e em Desenvolvimento Rural (PGDR/UFRGS).[…]”
Em 2019, houve a denúncia de que Canoas teve um descaso ao meio ambiente em prol da economia. Na época a cidade da região metropolitana queria entregar a última área verde remanescente no centro para construção civil, o local de área verde daria espaço a mais uma loja Havan.
Documentário denuncia impactos ambientais da Havan em Canoas
Alunos do Curso de Jornalismo da Fabico/UFRGS denunciaram irregularidades ambientais na chegada de uma nova loja Havan a Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), em julho de 2021.
Pouco mais de 6 meses depois, a prefeitura anunciou a chegada de mais três empreendimentos: uma Cassol Centerlar (com obras já em andamento), um Fort Atacadista e um espaço ambiental. Mas o grande questionamento do documentário foi: Por que os ambientalistas questionam esses empreendimentos? De acordo com o documentário a instalação da Havan em Canoas abre caminho para a destruição da última grande área verde na região central.
Caos climático na região sul
Grande imprensa e redes sociais divulgam o dia a dia do que vem ocorrendo nas últimas semanas no Rio Grande do Sul. uma chuva jamais tida e uma inundação que jamais aconteceu e uma imagem impressionante! Na última quinta-feira (2), uma imagem circulou nas redes sociais chocando grande parte das populações. Era uma das lojas Havan, na cidade de Lajeado quase que totalmente submersa.
Políticos colaboram para reproduzir desastre que ocorre no sul do país em outros estados
Membros da Frente Parlamentar Ambientalista fizeram um ato nesta terça-feira, (7), na Câmara dos Deputados, denunciando propostas que diminuem a proteção ambiental no Brasil, o que torna tragédias como essas ainda mais devastadoras.
Chamado de novo ‘Pacote da Destruição’, um conjunto de 25 projetos de lei e três emendas à Constituição prejudiciais ao maio ambiente tramitam no Congresso Nacional, com alta probabilidade de avanço.
Para Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, é urgente resgatar uma postura ambiental no Congresso Nacional Brasileiro. “O clima mudou e o Congresso Nacional também precisa mudar”, declara. “Infelizmente, as boiadas do pacote da destruição da legislação ambiental brasileira continuam com uma força intensa, tanto na Câmara como o Senado”, completa.
Ela cita projetos de lei (PL) que destroem a Mata Atlântica, bioma extremamente importante para a segurança hídrica, mitigação e adaptação aos eventos climáticos. Estão reunidos num conjunto de cinco PLs que “praticamente rasgam e destroem a lei da Mata Atlântica”. Do Código Florestal, são mais cinco projetos de lei.
A diretora explica que as bancadas gaúchas são as que lideram o movimento contra a proteção, por exemplo, dos campos nativos e as formações não florestais brasileiras. Trata-se do PL 364, de autoria do deputado federal Alceu Moreira, do MDB do Rio Grande do Sul, com relatoria do deputado gaúcho Lucas Redecker, do PSDB também do Rio Grande do Sul, e que poderá colocar para destruição mais de 48 milhões de hectares de campos nativos no país em todos os biomas brasileiros.
“Esse trágico comportamento dessa bancada antiambiental, anticiência, mostra como interesses pontuais nesse momento de emergência climática são extremamente nocivos. Desregulamentar a legislação ambiental, fragilizar a lei da Mata Atlântica e de todos os outros biomas brasileiros continua sendo um caminho suicida para o país”, declara a diretora.
Fontes: Matinal News, SOS Mata Atlântica, Agência Brasil, Observatório do Clima e Ministério do Meio Ambiente.