O preconceito atingindo limites extremos
Familiares da grávida Rayanne Christini, de 22 anos, desparecida na Central do Brasil, no Centro do Rio, no dia 13 de dezembro, estão recebendo trotes sobre o paradeiro da jovem e mensagens de cunho racista. Rayanne desapareceu após marcar um encontro na Central do Brasil para buscar doações de roupas para a filha que está para nascer. O bebê está previsto para o início de 2017. A jovem havia marcado o encontro com uma mulher, identificada como Lídia, que conheceu em um grupo de doações no Facebook. Ela iria até Magé, na casa da doadora, na Baixada Fluminense, para pegar as roupas.
De acordo com a tia da jovem, Jupira Costa, todos os dias a família recebe ligações, comentários e mensagens sobre um suposto paradeiro da jovem. Algumas, no entanto, são ofensivas.
– Muitas pessoas estão dizendo que é mentira, outras escrevendo coisas horríveis sobre ela na internet. Comentaram na internet que, por ser negra, o ‘valor do bebê seria baixo’ e que ‘não vale nem R$ 100’. Teve gente que disse que ‘destrincharia para tentar conseguir um dinheiro maior’. São pessoas monstruosas. Já recebemos muitas ligações. Já perdemos até a conta. Tem gente dizendo que ela foi vista em Caxias, na Central, no Hospital da Lagoa, hospital no Centro. Já enviaram mensagens para a gente falando até que já haviam encontrado o corpo dela. Quem não pode ajudar, não atrapalha. Já é um momento de muita dor – disse Jupira.
Na última terça-feira (20/12), quando o desaparecimento da jovem completou uma semana, Jupira disse que a família ainda não recebe notícias e o telefone de Rayanne permanece desligado:
— Ninguém imagina o desespero e a dor. Já fizemos tudo. A polícia está investigando, nós colamos cartazes e divulgamos fotos nas redes sociais. Todo mundo está tentando ajudar, mas até agora, nada. Na segunda-feira, fui à Cidade da Polícia, e disseram que estão procurando. Mais de três grupos de amigos foram para a Central, eu fui até Magé.