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Protestos na Nicarágua já tem saldo de 27 mortos

Um órgão de Direitos Humanos da Nicarágua informou, neste domingo, que pelo menos 27 pessoas morreram durante os violentos protestos contra a reforma da Previdência do país nesta semana. Segundo o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh) o número de vítimas ainda é incerto, mas já teriam sido confirmadas pelo menos 20 mortes.

A Nicarágua completou, neste domingo, o quinto dia de violentos protestos contra a reforma do sistema de segurança social, na crise mais profunda desde que Daniel Ortega voltou ao poder.

Supermercados da capital Managua foram saqueados neste domingo. De acordo com a agência de notícia Reuters, a Cruz Vermelha confirma sete mortes nas regiões em que estava presente. Até sexta-feira à noite o governo confirmou quase uma dúzia de mortes.

No sábado, a imprensa local informou que um jornalista de televisão foi morto a tiros enquanto fazia uma transmissão ao vivo sobre os protestos de Bluefields, uma cidade na costa caribenha afetada pelos tumultos.

Diante do crescente descontentamento com a reforma, que elevará a contribuição de trabalhadores e empregadores e reduzirá as aposentadorias futuras, Ortega prometeu revisar a reforma no sábado. No entanto, a repressão pela polícia contra os manifestantes e barreiras para alguns meios de comunicação nos últimos dias têm alimentado mais críticas ao presidente, que tem reforçado gradualmente seu controle sobre as instituições do país desde que voltou à presidência em janeiro 2007.

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Protestos com a reforma da previdência na Nicarágua já duram quatro dias Fotos: divulgação

A Nicarágua tem sido um dos países mais estáveis da América Central, evitando em grande parte a turbulência política ou a violência do narcotráfico que atingiu Honduras, El Salvador e Guatemala nos últimos anos.

Ortega presidiu a um período de crescimento estável com uma mistura de políticas socialistas e capitalismo. Mas os críticos acusam Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, de tentar estabelecer uma ditadura familiar.

Como líder da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), Ortega esteve à frente da última revolução armada na América Latina, em 1979. Eleito presidente em 1985, quando os sandinistas enfrentavam os “contras”, reação armada patrocinada pelos Estados Unidos, ele acabou derrotado quando tentava se reeleger, em 1990. Há 11 anos, Ortega voltou ao poder em aliança com setores da direita e hoje cumpre seu terceiro mandato consecutivo.

Nos últimos dias, seu governo endureceu a repressão contra as centenas de manifestantes que se opõem às mudanças no regime de pensões e aposentadorias. Com as novas medidas, a contribuição dos trabalhadores passa de 6,25% para 7% do salário, enquanto os empregadores pagarão 22,5% (antes contribuíam com 19%). Os aposentados terão que contribuir para o INSS com 5% do valor que recebem.

O setor empresarial rejeitou os decretos de Ortega, que afirma que o objetivo é sanar as finanças do INSS. O presidente atende a uma recomendação do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Fonte: Jornal O Globo