Que venha o Alma Sacra
Você já ouviu falar no Alma Sacra? Ainda não? Bem, trata-se de um projeto multicultural/multimídia, ousado, que abrange vários seguimentos, pretendendo dessa forma unir vários polos da arte, fazendo um link entre a música, a literatura, e todas as outras ramificações artístico-culturais que englobam o projeto.
Para conhecer melhor a proposta, bem como, seus executores, o Blog Carvalho News decidiu ouvir o idealizador do projeto, o músico, compositor e produtor cultural Richie Harald, que atua no cenário carioca desde 1993, e os demais membros do grupo: Rafael Rocha, Mauro Oruam (Deadly Fate), Bil Martins (Hellish War/Dark Witch) e Alexandre Cannes (Out of Reality).
Blog Carvalho News – Como surgiu a oportunidade de integrar o Alma Sacra e quais expectativas com o projeto?
Alan Flexa: recebi o convite do Richie, para compor o time dos tecladistas, havia me perguntado se eu toparia entrar em um projeto audacioso. Não pensei duas vezes! Aceitei o convite e me senti muito honrado em fazer parte desta grande família que é o Alma Sacra. O Richie é uma pessoa visionária. Não tem medo De dar cara a tapa. Juntou grandes músicos nesse projeto. Fiquei imensamente feliz quando ele me chamou para produzir juntamente com Daniel Parente. Estamos escrevendo uma grande história na pagina de nossas vidas.
Oruam – conheci o idealizador deste projeto em um show do Deadly Fate em Natal, tivemos muita afinidade e então ele me convidou para participar da empreitada. Richie é um grande artista, sensível, guerreiro e com ideias extraordinárias, acredito que o Alma Sacra será um marco no cenário do Heavy Metal Mundial.
Alexandre Cannes – conheço o Richie já faz alguns anos, tocávamos juntos na cena aqui do Rio de Janeiro. Na época ele ainda integrava a banda Fatal Portrait e eu o Out of Reality. Ele já conhecia o meu trabalho, aí pude receber o convite diretamente.
Bill Martins – certo dia o Richie entrou em contato comigo pelo facebook, trocamos umas ideias e ele fez o convite, que foi aceito no mesmo instante, pois achei muito interessante a proposta e eu também nunca havia participado de um projeto parecido com este.
CN – Por que o nome “Alma Sacra”?
Richie Harald – O nome surgiu em decorrência de um livro que estou desenvolvendo, que conta a história de um Santuário (Alma Sacra) onde habitam seres que prestaram grandes feitos a humanidade. Neste livro, as almas que desencarnaram do plano terrestre formam uma espécie de cúpula em defesa da Terra e de invasões malignas. Na verdade, o nome é uma mesclagem da língua portuguesa com a Italiana. Muitos me perguntam se a banda é de cunho religioso, mas na verdade a história do Alma Sacra engloba religião, filosofia, psicologia, espiritismos e alguns assuntos científicos. Trata-se de um trabalho musical em que a parte literária se intercala com a parte musical formando um trabalho conceitual e é por isso que é chamado Alma Sacra Project – Ópera rock. Cada vocalista representa um personagem como de uma ópera.
CN – Quem são os demais músicos que compõem o Alma Sacra?
Richie Harald – Daniel Parente (Clawgrinder) Guitarra/ Vocal – Ce ; Arthur Pessoa (SteelGard) PE – Vocal; Fábio Caldeira (Maestrick) SP – Vocal; Fábio Schneider (Dreadnox) RJ – Vocal; – Vocal; André Larbelle (Ex – Fatal Portrait – BR) RJ – Vocal; Mário Kohn – (Eyes of Gaia) SP – Vocal; Kleber Marcelino – (Mustang 65) RJ – Guitarra; Léo Barcellos – (Gato de Louça) RJ – Baixo. Rafael Rocha – Guitarra – RJ; Gabrielle Gabriels – (Vivaldi Metal Project/ Gabriels) Itália – Teclados, Matheus Lisboa – ( Victms of Fate) teclados,Irlanda. Erivelto Santos – ( Solo/Victm of Fate) Guitarras e Teclados- SP; Lúcio Amaral ( Arcanys, Frequencia Am) Guitarra – RN . Além dos demais músicos que estão participando da entrevista. Mas aguardem que teremos muitas surpresas nas gravações!
CN – As pessoas têm em mente que os roqueiros são revolucionários e politizados. Esse é o perfil dos integrantes da Alma Sacra?
Alan flexa – no meu caso posso dizer que sou um cara revolucionário, pela musica que faço. Não tenho regras para compor, sempre gosto de mesclar estilos além do metal, do qual sou eternamente grato. Trabalho musica vanguardista eletrônica, musica medieval e folk…
Oruam – Sim, somos formadores de opinião e não podemos ser alienados para assim transmitir o melhor da gente através da música.
Alexandre Cannes – Acho muito importante e saudável, que tenhamos conhecimento do quadro político que nos rodeia, pelo menos uma noção do que está acontecendo. Quanto ao revolucionário, não só no rock, mas em todas as instâncias da música, em estilos diversos a crítica política esteve presentem desde ‘Rage Agasint The Machine’ até ‘Nina Simone’. Pessoalmente, vejo mais o lado artístico, abordando temas mais emocionais.
Bill Martins – não me sinto revolucionário e politizado.
Richie Harald – não me envolvo em política, mas o termo ‘revolução’ aplico na tentativa de unir músicos de outros estados do Brasil e do exterior. No entanto, não tenho nada contra quem usa a arte como veículo revolucionário como nos casos dos artistas: Caetano Veloso, Gilberto Gil e Nina Simone. O foco do meu projeto não é este. Meu objetivo com esta obra é usar a música para fazer as pessoas curtirem a magia de seu conteúdo, apreciando a interpretação dos cantores e a forma como é tocada pelos músicos que constam no trabalho.
Rafael Rocha – A historia tem mostrado isso, muitas bandas nasceram com essa veia política, aqui mesmo no Brasil temos e tivemos bandas com esse conceito, o próprio Cazuza o Barão Vermelho na década de 80, o Alma Sacra já nasceu revolucionário. Todo o conceito da banda e os músicos envolvidos, a ideia sempre foi agregar e unir um movimento que estava bem segregado e fazer disso um carro chefe para futuras bandas.
CN – Vocês mesmos compõem suas músicas? Como é o processo de composição?
Alan Flexa – como todo músico preciso de inspiração. Tenho uma teoria sobre o meu processo de composição : minhas musicas 90% são recebidas de algum lugar entre as esferas e assim canalizadas e transformadas e canções.
Oruam – não existe um critério, mas normalmente uma melodia chega pronta na minha mente. Em momentos de inspiração, que normalmente será o tema ou refrão da música, tento compor o restante baseado nisso, no final tento encaixar uma letra.
Alexandre Cannes – sempre penso no assunto e nas letras, que inspiram as melodias e a interpretação. Isso tudo é desenvolvido em cima da base instrumental, que é o que me define o tema da composição.
Rafael Rocha – Sim, temos um time muito competente, como a álbum é conceitual toda a história musical e dividida entre os membros, estamos diariamente conversando via Messenger e definindo cada passo e andamento das musicas.
Richie Harald – cada música é feita em cima dos capítulos do livro de uma forma resumida onde é passado o clima, cena e o enredo aos músicos, será assim nos três volumes do CD. Uma vez feito isso é feito os ensaios, faremos a pré-produção e a gravação onde os produtores Daniel Parente e Alan Flexa direcionarão para o que é produto final esteja dentro do conceito que é o rock progressivo heavy metal com acentuações de música medieval. Aproveito para apresentar o nosso line up de alguns estados do país e do exterior
CN – quais suas bandas prediletas?
Alan Flexa – tenho influencia de grandes bandas e músicos como: Vangelins, André Matos, Corccioli, Queen, Dio, Ozzy, Yes. Como produtor, sou bastante influenciado por Trevon Horn (ex – Yyes), Chirs Lord, George Matin (rip), charlie Bauerfeind e sascha Paeth.
Oruam – Scorpions, Vangelis, Wasp, Iron Maiden, Accept, Rhapsody of Fire, Helloween, Blind Guardian…
Alexandre Cannes – pô, são muitas! Mas posso dizer as principais, Iron Maiden, Bon Jovi, Helloween, Symphony X, Black Sabbath, Dio, Ozzy, Angra, Megadeth… a lista segue!
Bill Martins – são muitas, mas as que eu tenho escutado mais atualmente são Dio, Bathory, Iced Earth, Grand Magus e Ereb Altor.
Rafael Rocha – Particularmente eu escuto muitos estilos diferentes de 14 bis, Milton Nascimento a bandas como Winger, Metallica, Angra, Avantasia, Mirath , Sonata Arctica e Symphony X.
Richie Harald – são várias, dentro deste segmento atual do nosso trabalho, tem Angra, Sepultura, Symphony X, Iron Maiden, Black Sabbath entre outros.
CN – O perfil das bandas de rock brasileiras mudou nas últimas décadas?
Alan Flexa – sim. De uns tempos pra cá, percebemos mudanças, mas certamente sem nenhum avanço. Antes se agregavam valores culturais, hoje os valores são comerciais. Há tantas bandas magnificas nos escombros dessa mídia que a cada dia nos empurram porcarias.
Oruam – temos grandes bandas, mas percebo poucas mudanças.
Alexandre Cannes – Mudou sim, vejo que a preocupação com uma boa produção, tanto do som, na sua elaboração, quanto ao material de apoio.
Bill Martins – creio que sim, e isso se deve muito a mudança do mercado fonográfico também,internet,MP3,etc… Acho que, atualmente, as bandas têm uma visão mais empresarial sobre a música, não é mais apenas algo passional e inocente. Quem não investe no profissionalismo acaba ficando para trás. Mas uma coisa que não muda é que quem faz Metal é porque ama realmente, e quem é verdadeiro continua firme sempre.
Rafael Rocha – não só as brasileiras, muitas bandas ao longo do tempo tiveram que se reinventar para poder seguir em frente, a cada dia surge um novo seguimento ou elemento musical e com a quantidade de informação disponível é necessário se reinventar a cada dia.
CN – Como vocês avaliam o atual cenário musical brasileiro?
Rafael Rocha – felizmente, vivemos em uma era digital então temos mais facilidade em divulgar nosso trabalho e o alcance ao publico é maior, na década de 90 e inicio dos anos 2000 era bastante difícil principalmente nosso estilo de opera rock tínhamos poucos veículos especializados, então acredito que mudou muito.
Alan Flexa – estamos a mercê, das grandes multinacionais da musica. Um Brasil tomado pelo funk e sertanejo ( infelizmente é o que vende nas rádios) e vem crescendo absurdamente a cada ciclo.
Oruam – a cena está cada vez mais competente, porém sinto um pouco de desunião entre os estilos diferentes, acho uma pena, pois estamos no mesmo barco. Já na Europa, por exemplo isso não existe, todos tocam no mesmo palco e se respeitam, bandas de Black Metal, Nu Metal, Thrash Metal, Hard Rock, Doom Metal, Folk Metal, White Metal, Metal Tradicional, etc. O pessoal é bastante unido…
Bill Martins – a nível de bandas o cenário vai muito bem ao meu ver, com varias bandas realmente boas, mostrando materiais cada vez mais profissionais. Por outro lado ainda falta espaço pra essa galera mostrar seu trabalho, como casas de shows que abram mais espaço pra som autoral.
Richie Harald – o Brasil é um país com muitas influências de outros estilos musicais oriundas de musicas em torno mundo e esta mistura de culturas criou o desenvolvimento de músicos excepcionais, porém ainda é muito difícil ter o apoio de imediato do público e dos empresários deste nosso ramo, mas sou otimista quando se tem algo diversificado e que tenha música de conteúdo, perseverança e amor no que se faz!