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Sandália de “juta” pode servir como mais um aliado contra o mosquito Aedes aegypti

Pesquisa da UFMG estuda uso do calçado como forma de proteção contra Dengue, Zika e Chikungunya.

Philipe Campos

Sandálias feitas com juta, especialmente nos últimos anos, são fáceis de encontrar nas vitrines das lojas de calçados brasileiras, das mais simples às marcas de luxo.

Além de te deixar na moda, o item ainda pode te proteger de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como Dengue, Zika e Chikungunya

De acordo com uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sandálias confeccionadas em juta com aplicação de um tipo de inseticida ajudam a afastar o mosquito a até um metro de altura e sete metros de distância.

O que é juta?

A juta é uma planta que pode crescer até 4 metros de altura, com talos de aproximadamente 20 milímetros de largura, e se desenvolve em climas úmidos e tropicais. A fibra é obtida através da maceração da parte entre a casca e o talo interno da planta. A juta foi trazida ao Brasil por imigrantes japoneses, e a maior parte da produção nacional ocorre na Região Norte do país.

A juta é uma fibra têxtil de origem vegetal Foto Agência Pará Divulgação

A pesquisa

Desenvolvida na Tanzânia e adaptada para a realidade brasileira pelo biólogo Tales Batista Ribeiro. O cientista se dedicou ao assunto durante o mestrado pelo Programa de Pós-graduação em Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da universidade federal.

Na primeira etapa, o projeto contou com financiamento da Usaid, agência de fomento dos Estados Unidos, e do Ifakara Health Institute (IHI), da Tanzânia. Agora, no doutorado, o biólogo dá continuidade à pesquisa.

“A pesquisa já comprovou que a sandália de juta repele mesmo o mosquito. A gente pode dizer que é o material, associado a um repelente químico, que é volátil e espacial, então ele fica no ar e cria uma área de proteção em quem está usando o item. Quando o mosquito entra na zona, ele identifica o odor do repelente e se afasta”, explica o pesquisador.

O cientista explica que o padrão de voo do Aedes aegypti é mais baixo, o que justifica a escolha da sandália, e não de um chapéu, por exemplo. A versatilidade do sapato, usado tanto por homens quanto por mulheres, é outro motivo.

As sandálias de juta com o repelente, ainda não estão à disposição do consumidor final, mas a equipe que trabalha no projeto já está em busca de parceiros para a produção.

A testagem é feita por etapas

·         Para avaliar o efeito da substância usada nas sandálias, o pesquisador fez testes em laboratório e no chamado semicampo, que se aproxima de uma situação real, mas tem algumas condições controladas, como temperatura e umidade.

·         Os mosquitos são soltos dentro de uma estufa de tela, com voluntários que usavam protótipos dos calçados impregnados com diferentes concentrações do repelente.

·         Os mosquitos usados nos experimentos são criados em laboratório.

·         Estes mesmos mosquitos passam por testes de PCR para verificar se tem dengue, Zika ou outro vírus, dando segurança aos pesquisadores.

Ainda de acordo com Tales, “desse modo temos a certeza da idade do mosquito, do estágio fisiológico dele e, o mais importante, a garantia de que não esteja com um vírus que vá transmitir alguma doença”, explicou o pesquisador.

Fontes: Globo Minas / Estado de Minas Saúde e Bem Viver