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Auto Descoberta e Crescimento: Adolescente de 16 anos de Botelhos, Minas Gerais, usa escrita como “terapia” para superar a ansiedade

Adolescente também lançou seu primeiro livro.

Philipe Campos

A busca pelo cuidado das emoções pode estar em todos os lugares, inclusive na escrita, foi o que a adolescente de 16 anos, Sarah Helen de Souza Silva, que mora em Botelhos, Sul de Minas, descobriu. Através da escrita ela descobriu uma forma terapêutica para lidar com doenças relacionadas à Saúde Mental, como ansiedade e depressão e lançou seu primeiro livro como autora. O livro expressa suas lutas pessoais.

Sarah Helen conta que se lembra de estar ansiosa desde muito cedo. Ela é acompanhada por psicólogos desde a separação dos pais, quando tinha 4 anos. Em 2022 também começou a receber apoio de um psiquiatra nos tratamentos. Enquanto tentava superar, encontrou um refúgio para superar suas emoções mais profundas através das palavras.

A escritora disse que foca na história e nas ideias, assim esquecia o que estava passando no momento, “quando comecei aos 13 anos, não tinha certeza se realmente conseguiria concluir um livro. Agora, aos 16 anos, olhando para trás e vendo aonde cheguei, sinto uma mistura de gratidão e realização. Sempre me julguei muito e dizia a mim mesma: ‘eu não sou capaz de escrever um livro’ ou ‘se eu escrever ninguém vai gostar’. Depois que minhas crises diminuíram, eu resolvi voltar. Foi quando o meu cérebro associou a escrita como uma terapia. Comecei a ver o livro como um hobby e não algo que me pressionava como antes. Escrever um livro pode ser desafiador, mas também é uma jornada incrível de auto descoberta e crescimento” explicou Sarah.

O que dizem os especialistas em Saúde Mental

De acordo com a psicóloga Naiara de Figueiredo Rocha Araújo, a escrita aliada à terapia pode proporcionar uma série de benefícios para jovens autores que enfrentam problemas de Saúde Mental, além de servir como um meio de expressão, torna mais fácil estruturar e organizar pensamentos e emoções.

“É importante aprender a conviver e aceitar sentimentos agradáveis e desagradáveis, e a escrita proporciona esse espaço de reflexão e acolhimento, além de fornecer uma estratégia bastante eficaz em momentos de autoconhecimento. Vejo a escrita como uma ferramenta bastante potente de auxílio em relação aos transtornos relacionados à saúde mental, propiciando alívio, entendimento e aceitação por parte das crianças e adolescentes às suas dores e sofrimentos”, ressaltou a psicóloga.

Ainda de acordo com a psicóloga, a escrita também é capaz de permitir que os jovens se sintam no controle de suas narrativas e capazes de criar mudanças positivas em suas vidas. É importante que os jovens se sintam pertencentes, acolhidos e validados nessa fase da vida. Por isso, o apoio da família e de amigos são primordiais, independente da estrutura e da rede com a qual eles contam.

Sensação de pertencimento

A não validação do sofrimento é confirmada por Sarah Helen. A adolescente explica que, mesmo fazendo uso de medicação e sendo acompanhada psicologicamente há algum tempo, é “algo que nem todos acreditam, então se torna pior para quem sente”. Dor que só aliviou depois de muito incentivo. No caso da Sarah, a escrita e os livros também foram transformadores e através do lançamento do seu primeiro livro veio a sensação de pertencimento, independente da idade, isso é primordial.

A escrita deve ser leve como qualquer outra coisa que o jovem se propõe a fazer, não se tornar uma exigência, mas um espaço de acolhimento, de aceitação, de exploração das ideias, validação e pertencimento de si mesmo com seus pensamentos, sentimentos e emoções.

Fonte: TV Globo Sul de Minas