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Com inteligência artificial já é possível classificar milhares de galáxias?

A classificação de galáxias é uma das tarefas mais importantes e mais complexas no estudo da formação e evolução de galáxias em todo o universo.

Philipe Campos

Uma pesquisa liderada por pelo Dr. Clécio De Bom, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro, está despontando como um dos líderes nacionais no uso de técnicas de inteligência artificial na astronomia. A pesquisa ainda é um artigo científico que usa inteligência artificial para classificar imagens de galáxias do universo. Mas se aprovada, a pesquisa será publicada muito em breve pela Real Sociedade Astronômica do Reino Unido.

Há cerca de 100 anos, astrônomos já tentaram usar imagens de galáxias no Universo para tentar separá-las em grupos. Edwin Hubble já fazia isso em 1926, notando que galáxias se dividiam em duas categorias principais:

·         As espirais (como a nossa própria Via Láctea), com um formato de disco,

·         E as elípticas, tipicamente mais arredondadas.

Trabalhos posteriores mostraram que essa distinção era mais fundamental que uma questão simplesmente estética.

As elípticas são tipicamente maiores e abrigam estrelas mais velhas. Além disso, habitam ambientes mais densos, tendo vizinhas mais próximas que as espirais.

Hoje acredita-se que galáxias espirais colidem umas com as outras quando chegam em regiões mais populosas, formando as elípticas, o que explicaria muitos dos fenômenos observados. No entanto, muitos detalhes deste processo ainda são desconhecidos, o que levanta a necessidade de classificarmos grandes números de galáxias.

Tecnologia atual

Hoje em dia, novos instrumentos tecnológicos como a Inteligência Artificial permitem obter imagens de bilhões de galáxias, que seriam necessários vários anos para examinar cada imagem individualmente. Assim, o uso de técnicas computacionais automatizadas é fundamental para lidar com o grande volume de dados.

No projeto liderado pela Dra. Claudia Mendes de Oliveira, da Universidade de São Paulo, ela utiliza imagens do SPLUS, que está mapeando os céus do hemisfério Sul com um telescópio instalado no Chile. Com essa nova técnica, em que a inteligência artificial analisa a distribuição de luz em cada pixel e cria sua própria classificação, é possível catalogar mais de 160 mil galáxias que são encontradas nas imagens.

A Dra. Claudia explica que “a classificação de imagens automatizadas é um dos maiores casos de sucesso da inteligência artificial. Para análise dos diferentes tipos de galáxia, isso se tornou fundamental devido ao grande volume de dados com que nos deparamos na Astronomia. Essa informação nos permite entender melhor como diferentes tipos de galáxias se agrupam em maiores escalas e reconhecer casos raros em que galáxias não se encaixam claramente em categorias pré-definidas”.

Em projetos futuros espera-se encontrar até 20 bilhões de galáxias, o que mostra a necessidade de se desenvolver técnicas capazes de classificar os objetos de maneira rápida e eficiente que já estão sendo desenvolvidas como por exemplo novos telescópios que espera-se que sejam capazes de encontrarem objetos que desaparecem do céu em poucos dias, como supernovas ou colisões de buracos negros, e classificá-los corretamente e rapidamente é fundamental para que possamos apontar todos os nossos instrumentos na direção correta, no momento certo, no futuro que é o agora.

Fontes: UOL / Tilt Uol