Dados alarmantes mostram que adolescentes são as principais vítimas
Philipe Campos
Em média 183 pessoas desaparecem por dia no Brasil. Adolescentes de 12 a 17 anos são os que mais desaparecem no país (29,3%), jovens de 25 a 29 anos representam 10% dos desaparecimentos e pessoas com mais de 60 anos e crianças representam 3,1% dos desaparecimentos.
De acordo com um levantamento inédito do Fórum Brasileiro de Segurança pública, mais de 200 mil pessoas desapareceram no Brasil entre os anos de 2019 e 2021 e somente 112 mil pessoas foram encontradas neste período, ou seja, pelo menos 88 mil pessoas ainda não foram encontradas e suas famílias ainda se encontram angustiadas, muitas até perderam a esperança de encontrarem seus parentes desaparecidos.
No dia 28 de abril em São Paulo, Daniel Robilotta, de 35 anos, saiu de casa para trabalhar e não voltou. Sua esposa, Nayara Robilotta, foi atrás de respostas e registrou o boletim de desaparecimento do marido e relatou “cada minuto que passa é mais desesperador. Não sei mais o que pensar, chegou várias mensagens no e-mail dele tentando mudar as senhas dos cartões. Eu estou desesperada, não consigo dormir, não consigo comer” explicou ela.
Infelizmente neste mesmo dia em que Nayara buscava informações sobre o marido, a chefe da delegacia de desaparecidos de São Paulo, Bárbara Travassos deu a notícia que o Daniel foi encontrado sem vida, “na nada de hoje saiu a identificação é era o Daniel. Ele teve um mal-estar, foi socorrido e estava sem documentos, eu sinto muito” disse a delegada.
A causa da morte de Daniel ainda precisa ser esclarecida, o corpo dele foi encontrado sem sinais de violência.
Ainda de acordo com a delegada “para a família não saber o que aconteceu com a pessoa, se está vivo ou não é o mais difícil. O desaparecimento sem resposta é o pior. Pessoalmente dou a notícia a algum familiar, pelo menos uma vez por semana pessoalmente” explicou.
Quais ações da Polícia nestes casos
De acordo com o diretor presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, “a polícia segue investigando quando se tem elementos” explicou.
Além de uma delegacia especializada em São Paulo, tem um setor de desaparecidos com sistema de busca municipal. Todos os dias desaparecidos são procuradas pessoas em situação de rua, em abrigos e em hospitais.
A única delegacia especializada no desaparecimento de crianças no país, fica no estado do Paraná.
Banco de Dados dos desaparecimentos
O país ainda não tem um banco de dados unificado com todas as pessoas que desaparecem. Em 2019, o governo sancionou a Lei da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas. Essa lei previa a criação de um cadastro nacional que até hoje não existe. Segundo o Ministério da Justiça, a previsão é que esse sistema unificado seja criado até o fim deste ano.
Criado em 2013, o Banco Nacional de Perfis Genéticos une dados de DNA coletados por forças policiais de todo o país, mas ainda tem 18 mil restos mortais na fila para serem identificados.
Para a promotora Eliana Vendramini, que estuda o tema a dez anos, “a busca de desaparecidos não existe, se o caso é um pouco mais complexo, acaba caindo mais no estoque de casos, que sobrecarrega as polícias civis e infelizmente, os desaparecimentos no Brasil tendem ao esquecimento” ressaltou a promotora.
A angústia de milhares de famílias com seus desaparecidos só aumenta com o passar do tempo.
Fontes: TV Globo / Fantástico / Fórum Brasileiro de Segurança Pública / Delegacia de desaparecidos de São Paulo
