Skip links

11 pessoas morrem da febre Maculosa – especialistas alertam sobre os riscos de infecção

Há 60 casos confirmados no Brasil. Especialista defende não domesticar capivaras além dos cuidados com a higienização de outros animais que estão em áreas rurais que podem ser hospedeiros do carrapato-estrela.

Paulo Domingos 

Clique para ouvir a notícia.

A Febre Maculosa causada pela bactéria Rickettia rickettisii transmitido pelo carrapato-estrela   causou a morte de onze pessoas e provocou estado de alerta para os riscos que alguns  animais como cavalos, gambás, bois e principalmente as capivaras podem ser hospedar o parasita que transmite a doença. 

Segundo a CNN do dia 1 ao 19 de junho, a FUNED (Fundação Ezequiel Dias) que é referência nacional, recebeu 160 amostras de casos suspeitos. Destes, 80% são de Minas Gerais.  Duas mortes aconteceram na cidade de Conselheiro Lafaiete-MG.  Minas tem 4 mortes e 11 casos confirmados. Segundo os dados do Ministério da Saúde já foram 60 casos no Brasil confirmados e 11 mortes.  

Em São Paulo quatro vítimas que participaram de um evento em 27 de Maio na Fazenda Santa Margarida no interior paulista em Campinas, tiveram os sintomas da febre maculosa e outras duas vítimas estão suspeitas e internadas.  Embora há um número pequeno de casos comprovados, o que preocupa autoridades é a alta letalidade da doença. 

Em entrevista ao Globo a pesquisadora e médica Elba Lemos, chefe do laboratório de Hantavirose e Rickettioses do Instituto Oswaldo Cruz ( IOC/ Fiocruz)  disse: “ os primeiros casos foram por volta de 1929[…] era chamada por “sarampão” pela semelhança. Ela é causada por bactérias do gênero Rickttsia. São mais de 16 espécies no mundo todo, mas aqui, e no continente americano, a mais importante é a Rickettsia rickettsii que predomina e causa morte. (…) A febre Maculosa não vai causar epidemias, como dengue, malária entre outras doenças, o que acontece são casos isolados ou pequenos surtos, com três, cinco, às vezes 10 pessoas, e só. Porque a transmissão é apenas pelo carrapato. O problema é que, como não é uma doença de grande frequência, não existe conhecimento da classe de saúde, então ela é esquecida ( …) e os profissionais da saúde não colocam no cardápio como um diagnóstico diferencial”,  explica a pesquisadora. 

Transmissão

Febre Maculosa é uma doença transmitida pelo carrapato-estrela, da espécie Amblyomma cajennense infectado pela bactéria Rickettia rickettisii. Esse tipo de carrapato é encontrado em animais de grande porte, como bois, cavalos, capivara. 

 Nos animais hospedeiros não há sintomas aparente, mas em seres humanos pode ser letal. 

Para o Globo,  o Biólogo Fabiano de Abreu disse que além da migração do carrapato causador da febre maculosa, outras doenças como a raiva, leishmaniose, leptospirose e a tripanossomíase podem ser transmitido pela bactéria.  

O que se sabe é que a febre maculosa é mais comum entre os meses de junho a novembro, período em que, é quando os carrapatos estão na fase mais jovem, os chamados micuins. 

Sintomas

Febre alta dores no corpo, dor de cabeça, falta de apetite e desânimo. Aparecem manchas avermelhadas nos pés e mãos e crescem em relevo. Com o tempo aparecem pequenas fissuras com hemorragias. O médico ao constatar que o paciente esteve em lugares onde há animais silvestres ou cavalos. A prescrição médica precisa ser iniciada em até cinco dias que apareceram os sintomas, correndo o risco após esse prazo, do medicamento não ter efeito, segundo o Ministério da Saúde. 

Outra informação importante, e  que consta no site da Pfizer é que a febre maculosa não pode ser confundida com a Lyme, que é outra doença que também é transmitida por uma bactéria da espécie Borrélia burgdorferi. Esse tipo de infecção tem o diagnóstico mais comum nos Estados Unidos. Com mais de 476 mil casos por ano.  A infecção ataca o sistema nervoso e periférico e o coração. No Brasil a variante Brasileira é chamada Lyme símile brasileira ou síndrome de Baggio-Yoshinari. 

Os sintomas da Lyme variam a depender do tempo da infecção. Em um mês o paciente pode sentir febre, calafrios, fadiga, dores no corpo e dores de cabeça. Após meses da doença pode apresentar inchaço, dores nas articulações, problemas neurológicos e paralisia de um lado do rosto, dormência no corpo, fraqueza nos membros e dificuldades em movimentos musculares. 

Prevenção

Para o médico infectologista José David Urbaéz associado à Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) o recomendado para as pessoas se protegerem é que estejam calçadas de botas, calça e camisas compridas e claras. As barras das calças precisam ser colocadas dentro das botas e lacradas com fitas adesivas. Evitar lugares que têm esse tipo de infestações. Jamais deve-se esmagar com as unhas, porque libera bactérias através do sangue espremido. Encostar agulha ou palito de fósforo quente no carrapato força com que o aracnídeo libere salivas que pode ser absorvido pela pele.  Cada fêmea de carrapato pode gerar até 16 mil filhotes e consequentemente transmitir rickettsias, segundo Urbaéz ao Globo.  Outra recomendação é para quem vai viajar com cães para regiões rurais e que já teve a evidencia da doença. Cuidado para que o animal não se torne um reservatório da febre maculosa, já que eles não apresentam nenhum sintoma da doença. 

Quem é da região rural o recomendável é não deixar os cães dentro de casa e quem tiver cavalo cuidar com frequência com carrapaticidas. 

O gramado aparado com roçadeira mecânica expõem os ovos ao sol e evita o ciclo do parasita. 

Os sintomas iniciais da febre maculosa se assemelham muito com as de outras infecções, por isso que a procura de um médico é importante para diagnosticar precocemente e o tratamento iniciado.  

Tratamento

A partir do uso de antibióticos dois ou três dias o efeito da doença já começa a regredir, mas é importante que se mantenha o tratamento entre dez a quatorze dias.  Se o paciente não seguir a terapia a doença pode comprometer o sistema nervoso, os rins, os pulmões além de lesões vasculares levando ao óbito.