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Avaí do Brasil: Cidade mais indígena do estado de São Paulo

Município possui 4.489 pessoas e cerca de 15,1% são indígenas.

Philipe Campos

Você sabia que no estado de São Paulo tem uma cidade indígena? Se não sabia, agora já sabe que ela se chama Avaí e fica localizada no centro-oeste paulista. De acordo com dados divulgados na última segunda-feira (7), pelo IBGE no Censo 2022, a cidade tem o maior percentual de indígenas em relação à população total.

Em média 15,1% da população do Avaí é considerada indígena, são aproximadamente 677 indígenas em uma população de 4.483 pessoas. De acordo ainda com o IBGE, a pessoa que se autodeclara indígena pode viver dentro ou fora de terras indígenas. Como tem poucos habitantes, o município do Avaí é tranquilo, sossegado e os povos originários ainda conseguem preservar suas tradições.

Avaí é a 5ª cidade com maior número de indígenas do estado, atrás de São Paulo, Guarulhos, São Bernardo do Campo e Itanhaém. Todas as cidades com mais de 100 mil habitantes.

História

Historicamente, a terra-indígena Araribá era povoada pelo grupo tupi-guarani até 1932, quando vieram os primeiros Terena do Mato Grosso do Sul, com o intuito de preservar o território que estava sendo invadido por fazendeiros.

O espaço de cerca 1920,80 hectares ou 793,72 alqueires foi declarado reserva indígena antes mesmo da chegada dos Terenas, em 28 de abril de 1913, após um decreto do Governo de SP. Na época, o Avaí ainda era o Distrito de Jacutinga, município e comarca de Bauru (SP).

A reserva completa 110 anos de fundação em 2023 e, ao todo, é formada por quatro aldeias. São elas:

  • Aldeia Kopenoty, onde vivem indígenas das etnias Terena e Kaingang
  • Aldeia Ekeruá, onde vivem indígenas Terena
  • Aldeia Nimeundaju , onde vivem indígenas da etnia Guarani
  • Aldeia Tereguá, onde vivem indígenas das etnias Terena e Guarani

Saúde e educação para os indígenas

No povoado existe uma Unidade Básica de Saúde e também uma escola, vinculada à Diretoria de Ensino de Bauru (SP), através da Secretaria Estadual de Educação, responsável pela contratação dos professores e do corpo docente indígena.

Regiane Kaingang é nascida e criada na aldeia Kopenoti e atua como enfermeira na aldeia em que nasceu. Para se qualificar na profissão e atuar em prol da comunidade, ela resolveu fazer uma faculdade de enfermagem em Bauru (SP), cidade que fica a 42 quilômetros de distância de Avaí.

“É um motivo de muito orgulho para mim e para minha comunidade. De me formar e voltar para exercer o papel de enfermeira na minha aldeia. Eu saí com esse intuito de aprender e retribuir para o meu povo”, contou a indígena Regiane.

Na educação um risco que causa preocupação é a evasão dos mais jovens na escola. Por isso, a cultura indígena recebe atenção especial na escola que funciona dentro da aldeia. O contato entre os índios jovens e mais velhos é uma das táticas utilizadas para fazer com que a cultura permaneça ativa.

Outro problema bastante enfrentado nas escolas é de manter e ensinar o idioma Terena, uma língua indígena do Brasil que está ameaçada devido ao baixo número de falantes e perpetuação desigual da língua em diferentes aldeias. Assim, a língua é majoritária em algumas comunidades indígenas e raramente utilizada em outras.

“No dia a dia da nossa escola é sempre ensinado o Terena [idioma] para os menores, mas isso também já vem da casa dos pais e aqui complementamos a formação”, conta Adão Alves, professor indígena da instituição.

O idioma Terena, tereno ou têrenoe é falado por cerca de 15 mil indivíduos da etnia Terena e pertencente à família linguística aruaque. A utilização do terena estende-se principalmente no estado Mato Grosso do Sul, estando também presente em aldeias indígenas localizadas em São Paulo, como a reserva Araribá em Avaí, e no Mato Grosso.

Confira as aldeias e percentual de autodeclarados indígenas:

·         Avaí: 677 indígenas (15,1%);

·         Arco-Íris: 249 indígenas (12,18%);

·         Barão de Antonina: 134 indígenas (3,79%);

·         Braúna: 177 indígenas (3,3%);

·         São Francisco: 78 indígenas (3%);

·         Tapiraí: 151 indígenas (1,89%);

·         Cananéia: 214 indígenas (1,74%);

·         Iguape: 327 indígenas (1,12%);

·         Mongaguá: 656 indígenas (1,06%);

·         Sete Barras: 118 indígenas (0,93%).

Fonte: Globo SP / IBGE