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O futuro da construção chegou! Saiba mais sobre a digitalização dos canteiros de obras

Acelerada pela pandemia, a transformação digital cortou custos e trouxe agilidade, eficiência e sustentabilidade aos canteiros de obras.

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Mário Reis

Se antes o Brasil era um país onde a construção civil era analógica, hoje a realidade é outra. Acelerada pela pandemia de Covid-19, a digitalização dos canteiros de obras trouxe redução de custos, aumento de agilidade e eficiência às empreiteiras, além de ser uma opção mais segura, flexível e sustentável.

O setor está aquecido, com projeção de crescimento de 3,5% no ano pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). Além disso, um estudo da McKinsey Global Institute aponta que será necessário o investimento de US$ 57 trilhões em infraestrutura para acompanhar o avanço da economia global até 2030. Ou seja, terreno fértil para apostar na digitalização de processos.

Como funciona a digitalização dos canteiros de obras

A digitalização dos canteiros de obras é um processo amplo e que engloba muitas inovações. Entre as mais difundidas no mercado estão:

Modelagem

Antes de ir para o canteiro de obras, é necessário fazer o planejamento e a modelagem do empreendimento. Nesta etapa, a tecnologia mais utilizada é o Building Information Modeling (BIM), ferramenta de modelagem que oferece todos os recursos necessários para executá-la.

Esta plataforma integra o planejamento, projeto, construção, operação e manutenção da obra. Além disso, permite acesso em tempo real às informações, ajudando a acompanhar cronograma e avaliar custos. Desta forma, o BIM permite uma operação ágil, eficiente e barata.

Uso de drones

Estes veículos não tripulados possuem uma vasta gama de utilidades, seja recreação, logística e até filmagens. Na construção civil, os drones podem ser usados para facilitar o mapeamento do canteiro de obras, captando ângulos e espaços de maneira mais assertiva.

Além disso, empresas do segmento também utilizam este tipo de equipamento para monitorar a obra de maneira remota. Entre as principais vantagens deste uso estão a facilidade para identificar falhas e outros problemas no operacional.

Geolocalização em alta definição

Como proceder quando as condições do solo são discrepantes das estimativas feitas antes da obra começar? Cada vez mais construtoras estão usando fotografia de alta definição combinada com sistemas de informações geográficas e até varredura a laser 3D para avaliar o terreno do canteiro de obras.

Esta solução oferece não só economia de tempo, facilitando o processo de análise prévia. Além disso, há redução nos gastos da obra e diminuição da necessidade de adaptar o orçamento para a realização de alterações no projeto.

Realidade aumentada

Há quem acredite no uso da realidade aumentada para entretenimento, mas ela possui aplicações em outros segmentos – e, é claro, a construção civil pode se beneficiar desta tecnologia.

Nela, há o uso de um dispositivo móvel como celular ou tablet para contar com a integração de elementos digitais com o mundo real. Desta forma, a realidade aumentada pode ser usada para simular como a obra ficará.

Soluções como AuginApp, DAQRI Smart Glasses e Dalux View estão entre as principais do mercado.

Softwares de gestão de obras

Historicamente, o setor de construção civil sempre priorizou o papel na hora de trabalhar. Isso se aplica à criação do projeto, produção de relatórios, compras de insumos e até desenho da planta.

Antes da pandemia, já existiam soluções para digitalizar estes processos – com soluções como AutoCad e softwares de gestão de obras como Obra Prima e Sienge. A crise sanitária acelerou a aderência a elas.

Segundo análise da McKinsey & Company, estas ferramentas oferecem maior agilidade e eficiência. Por exemplo, uma empreiteira americana estudada pela consultora reduziu o tempo para geração de relatórios em 75% e para compartilhar documentos em 90%.

Substituição da alvenaria por novos modelos e tipos de materiais

No Brasil, a construção civil tradicionalmente trabalha com o modelo de alvenaria. Nele, as estruturas da obra são feitas com blocos de concreto, tijolos ou pedra e finalizadas com argamassa.

Este formato pode oferecer alguns gargalos para o processo, aumentando os gastos com materiais de construção e geração maior de entulho – o que torna a obra pouco sustentável. Além disso, a obra se torna mais demorada e, caso seja necessário improvisar, a alvenaria dificulta.

Por isso, os canteiros de obra digitalizados são usados em conjunto com novos tipos de materiais e modelos de construção:

  • Construção modular: Neste paradigma, boa parte da construção é feita numa linha de montagem. Em seguida, os materiais são enviados para o canteiro de obras e montados lá, gerando maior agilidade;
  • Steel Frame: Já este formato usa aço galvanizado para sustentar a edificação. Materiais como drywall, placas de fibrocimento e madeira são adotados para o acabamento da obra, oferecendo maior resistência e sustentabilidade aliados à velocidade;
  • Concreto pré-moldado: Aqui há semelhanças com a construção modular, pois este modelo usa paredes de concreto produzidas em fábrica e transferidas para o canteiro de obra. Nele, as instalações hidráulicas e elétricas já são incluídas, oferecendo um processo ágil, flexível e eficiente.

Principais obstáculos para a digitalização dos canteiros de obras

Segundo pesquisa da Prospecta Obras, só 22% das empresas do setor não aderiram à transformação digital – eram 73% em 2020. Apesar da intensificação deste processo, um estudo da IDC (International Data Corporation) apontou que só 13% das construtoras possuem maturidade digital alta, com 58% ainda dando os primeiros passos na digitalização.

A IDC aponta que uma das principais objeções de empreiteiras para a digitalização é o investimento alto para implementá-la. Embora haja quem acredite que seja necessário destinar uma verba alta para realizar a transformação digital do canteiro de obras. Segundo a pesquisa, esta visão foca no retorno imediato e ignora os retornos a médio e longo prazo – que podem ser até maiores que os trazidos com processos analógicos.

Outra preocupação entre os empresários que ainda não aderiram à digitalização é o aumento de riscos que ela oferece à empresa. Segundo a IDC, estes perigos são ínfimos quando o processo é feito de maneira estruturada – oferecendo maior transparência, produtividade e integração.

Para completar, há o receio de não haver adaptação da empresa aos novos processos. Trata-se de um processo desafiador e que exige engajamento e treinamento. Caso contrário, os benefícios da digitalização demorarão para aparecer.

Segundo o IDC, o ideal é mostrar aos profissionais envolvidos todos os benefícios oferecidos pelas tecnologias que serão implementadas. Como boa parte das ferramentas podem ser usadas em dispositivos móveis, esta adaptação pode ser facilitada. Afinal, a população possui familiaridade com o aparelho que – segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), existem 234,1 milhões de celulares no país, o que representa quase um por habitante.