Imunizante mostrou eficácia de 80%, mas não será gratuito.
Philipe Campos
A nova vacina contra a dengue começou a ser aplicada este mês em clínicas e laboratórios. De acordo com o Ministério da Saúde, por enquanto a vacina não está sendo ofertada pelo Sistema Único de Saúde e não faz parte do calendário de vacinação nacional pelo menos nos próximos dois anos. As pessoas que quiserem ser imunizadas irão precisar pagar pela vacina. Em Salvador o preço da vacina varia entre R$ 399 até R$ 599 reais e são necessárias duas aplicações com intervalo mínimo de três meses entre as doses.
A vacina chamada “Qdenga” já está disponível em alguns laboratórios particulares da Bahia e é o primeiro imunizante liberado no país para pessoas que nunca tiveram contato com o vírus da dengue. Desenvolvida por um laboratório japonês e mostrou ter uma eficácia de mais de 80% nos ensaios clínicos, além de redução de 90% nas hospitalizações.
Até o momento, a única vacina contra a dengue no Brasil era a Dengvaxia, somente para quem já teve a doença e que tenha entre 9 e 45 anos de idade.
Já a Qdenga estende essa faixa etária para quem tenha de 4 a 60 anos de idade e para quem teve ou não a doença.
De acordo com a enfermeira Patrícia Paiva, “gestantes não podem fazer a imunização, é contra indicação direta, a não que o médico que acompanhe esta gestante verifique o risco benefício para um local que ela esteja viajando, por exemplo. Paciente imunossupressores também precisam de solicitação médica”, explicou.
Segundo ainda o infectologista Anderson Vinícius Mota, a Qdenga é eficaz contra os quatro tipos de dengues mais graves “quando a pessoa aplica a vacina, os quatro sorotipos vão ser inoculados na pessoa e ela passa a desenvolver uma imunidade para que caso ela tenha a doença os sintomas sejam atenuados ou inexistentes. O indivíduo vai garantir a proteção sem ter os sintomas inicialmente e caso ela venha adquirir dengue novamente, 80% das pessoas podem não apresentar sintomas”, ressaltou.
Casos de Dengue na Bahia
Do primeiro dia de janeiro ao dia 24 de junho deste ano, foram notificados mais de 31 mil casos de dengue só no estado da Bahia, ou seja, um aumento de 8% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram notificados quase 29 mil casos.
No município de Feira de Santana, já foram registradas três mortes por dengue hemorrágica este ano. Registrando mais de 700 casos de janeiro até julho, enquanto no mesmo período de 2022, foram registrados apenas 90 casos.
O estudante Jonas Portugal chegou a parar na UTI por conta da doença “como eu sentia muitas dores abdominais, vômitos e não tinha apetite, achei que fosse uma simples infecção. Depois de cinco dias com dores, decidi procurar ajuda médica” explicou o estudante.
A Vigilância Epidemiológica tem intensificado o trabalho dos Agentes de Endemias na cidade.
Procura pela vacina
A procura pela vacina tem sido grande, um laboratório no bairro de Itaigara vendeu mais de 90% do estoque só no primeiro dia de vendas.
Mas como nem todo mundo pode comprar, tem muita gente intensificando os cuidados para que o mosquito não nasça.
A aposentada, Maria de Lourdes de Jesus, já teve dengue e disse que na casa dela foram registrados cinco casos, “eu acho que essa vacina deveria ser gratuita, já que nem todo mundo pode pagar” , declarou a aposentada.
O mecânico, Jackson Ribeiro também achou o valor da vacina bem cara, então decidiu se proteger da maneira tradicional “não deixar água acumulada no quintal, evitar garrafas com água para ou qualquer recipiente que possa acumular água, o único jeito é evitar, por que o dinheiro tá pouco e não dá pra pagar agora”, afirmou.
Fonte: TV Globo Salvador / Ministério da Saúde
